
À procura do design excelente [1/2]: Princípios de Design
Minha jornada para o Design não foi das mais óbvias. Eu nunca fui o artista da turma e minhas habilidades de desenho continuam praticamente as mesmas desde os meus 8 anos de idade. Naquela época, manter minhas criações de Lego em duas cores já estava ótimo! Como a maioria das crianças, eu tinha curiosidade em saber por que as coisas são como elas são e por que, frente à dúvida, uma pessoa escolhia determinada opção, ao invés de outras. Ao longo da vida, alimentar essa curiosidade e explorar tais questionamentos tiveram uma grande influência em me guiar para trabalhar com design, inovação e estratégia.
Projetar produtos, serviços, estratégias e organizações é um processo de escolhas. Um bom design vem de boas escolhas. Escolher com sabedoria, portanto, é uma questão central.
Na jornada para me tornar um melhor “escolhedor”, um conceito que ouvi há anos sempre ajudou muito: Princípios de Design. Para aqueles que ainda não estão familiarizados com esse conceito, imagine-o como uma série de diretrizes que irá guiar seu design, seu processo de escolha. Essas diretrizes irão influenciar a fase seguinte do seu design, apontando coisas como: o produto teve ter [isto], seu propósito é [este], o produto se concentra em [determinado momento da vida do usuário], e assim por diante.
Todo design intencional é baseado em Princípios de Design. Pesquisas quantitativas e qualitativas, bem como suas análises posteriores, são fontes para definir os Princípios de Design para solucionar um desafio. Se você deseja criar um produto, você se esforça para entender o mercado, as tendências e o seu público alvo. Então é só ter algumas ideias e seguir para o design da solução, certo? Mais ou menos.
Existe o que podemos chamar de “Desafio em mãos”, que é o problema ou oportunidade que torna relevante o design de uma solução. Nós estamos acostumados a analisá-lo para definir os Princípios de Design. A vida e as necessidades dos usuários, viabilidade técnica, recursos e conhecimento, tendências relacionadas e soluções existentes são aspectos do “Desafio em mãos”.
Entretanto, existem outras fontes igualmente importantes para os Princípios de Design que usualmente não são observadas e se mantém como influenciadores invisíveis. Trazer à luz essas fontes promove tanto uma visão mais clara do desafio quanto escolhas melhores ao longo do processo de design.
Vamos analisá-las mais de perto.
Organização
Na maioria das vezes, novas soluções [produtos, serviços, modelos de negócios, estratégias, entre outros] enfrentam vários problemas durante seu desenvolvimento e implementação dentro de uma organização: falta de envolvimento, falta de execução, reuniões de validação confusas e inflexíveis que podem prejudicar, desacelerar e até mesmo paralisar o projeto. Esses são apenas alguns dos principais problemas.
É verdade que imprevistos acontecem e algumas coisas simplesmente estão fora do nosso controle. Mas certos aspectos podem ser tratados para facilitar o encaixe entre a organização e as soluções projetadas.
Os designers devem desvendar, o melhor possível, os seguintes aspectos de uma organização:
- Estratégia
- Cultura
- Identidade e Background
- Influências situacionais, incluindo, entre outras coisas, condições de mercado, tendências, novas tecnologias, relacionamento com stakeholders e o ambiente político interno [tomadores de decisão, patrocinadores, apoiadores, opositores].
Parte disso estará explícito, parte não. Isso pode ser melhor desvendado por meio de conversas, observações, reflexões e cocriação.
Designer [indivíduo ou equipe, interno ou externo]
Dê as mesmas instruções para dois designers diferentes e você terá duas soluções diferentes. Isso não é nenhuma surpresa. Cada designer tem suas próprias características de trabalho e desafios de design permitem um espectro de soluções, não apenas uma.
Como um indivíduo ou equipe, dentro de uma organização ou em uma agência/consultoria externa, você[s] é[são] guiado[s] por uma combinação única de características. Fortes como são, essas características muitas vezes são o núcleo da sua própria Proposta de Valor, e podem ser resumidas em:
- Valores
- Propósito
- Estratégias
- Expertise
- Preferências
Conhecer e construir tais características é o caminho para uma Proposta de Valor valiosa.
Sociedade & Ecossistema
Todo design está contido e integra um contexto mais complexo. Considerar esse grande organismo leva a um design mais impactante. Isso inclui, mas não está limitado a:
- Desafios Reconhecidos [exemplos de desafios globais]
- Contexto social [cultura, economia e política]
- Natureza

E agora?
Aqui vão algumas dicas que podem te ajudar:
- Tenha esse framework em mente e tente anotar todos os princípios de design que podem ser relevantes para seu desafio. Depois, priorize.
- Princípios conflitantes levam a um design ruim ou a um processo de design ruim. Tente prestar atenção no que está causando o conflito e discuta isso com a sua equipe.
- Se seus Princípios de Design forem muito específicos/limitantes, haverá menos espaço para soluções criativas. Preste atenção nisso.
- Se você é designer, sua pesquisa não começa quando você vai ao campo. Ela começa quando você conhece o seu cliente/organização pela primeira vez.
- Se você é uma organização que procura contratar um designer externo (individual ou consultoria/agência), procure entender quais Princípios de Design o norteiam. Adote Princípios que sejam compatíveis com os seus, ou aqueles que você deseja desenvolver internamente. Evite o resto.
- Se você quer analisar mais de perto os princípios de design de determinadas empresas ou projetos, veja: Design Principles Collection, MIT Media Lab’s Principles.
E depois?
Este artigo é a primeira metade do conteúdo. O próximo artigo será relacionado à aplicação dos Princípios de Design e ao Desenho de Desafios ao projetar novas soluções. Em breve o link para: À procura do design excelente [2/2]: Designeando.
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