Decisões, Especialista x Generalista, IA e meu emprego
Fale com o Urso.

Umas semanas atrás soltei o Fale com o urso: uma temporada para enviar sugestão de pauta ou pergunta e para respondermos você que nos lê.
Envie sua pergunta pelo link abaixo:
https://forms.gle/hyNtSQtXDFYbLPE46
PS: Algumas perguntas podem ter sido levemente editadas pra fins editoriais.

Como tomar melhores decisões em design?
Vamos destrinchar sua pergunta.
Tomar decisões é algo prático. Escolher um caminho e seguir com ele. Sem segredo.
O ponto é o melhores decisões.
Melhor é sempre subjetivo: melhor pra quem? Pra designers? Pra desenvolvimento? Pro negócio? Pros usuários? Pra todo mundo? E nesse caso, melhor geralmente quer dizer mais assertivo. Então eu reformularia a frase pra:
“Como tomar decisões mais assertivas em design?”
Primeiro: precisamos deixar claro “decisões” e “não-decisões”. Tem coisa que é discutida, pesquisada e de fato decidida. E tem coisa que “só vai”. Isso não é decisão, é omissão, e é o que acontece em muitas realidades. Se você realmente tem poder e privilégio de participar de uma decisão, aí sim podemos começar a discutir.
Pra mim, uma decisão é assertiva não quando atinge o resultado que queremos, mas quando estamos confortáveis e confiantes com ela.
Atrelar decisão com resultado é uma fórmula pra insatisfação. O resultado é influenciado por milhões de fatores que estão além das nossas decisões. Decisões são apostas e a gente (quase) nunca sabe se vai ganhar esse jogo.
O lance é que encontrar esse conforto e confiança requer tempo. E em alguns contextos não temos tempo e recursos pra buscarmos evidências que diminuam inseguranças. O que fazer então? Aceitar os riscos.
Mapear as consequências que podem rolar, custos e riscos daquela decisão e… decidir. Mesmo que essa decisão seja não seguir adiante. Tem um certo nível de “fé”.
Você e as pessoas envolvidas acreditam que essa é a melhor decisão? Então ela é.

Dica para designers que buscaram ter uma especialidade mas que hoje veem o mercado procurando apenas por generalistas?
Não sei se sou a melhor pessoa pra te responder porque sou generalista, mas posso tentar trazer uma visão.
Eu sou de um contexto que considera que a pior coisa é ficar sem emprego. Logo, quando os boletos comem sua mente, você topa qualquer coisa.
Não sei qual é o seu cenário, mas garantir o mínimo de estabilidade financeira pode te ajudar a pensar melhor. Eu buscaria isso primeiro. Sem muita “frescura”. É o que dizem: a melhor hora de buscar um emprego é quando você tem um.
Com essa estabilidade mínima, aí sim eu pensaria num plano com paz de espírito. Algumas estratégias que eu seguiria:
- Olhando pra fora. Posso estar errado, mas vejo que o mercado no exterior tem muito mais oportunidades e bons olhos pra especialistas. Dar aquela afinada no inglês e buscar vagas pra fora seria meu tiro certo.
- Ter portfólios por perfil. Uma versão generalista e outra especialista. Um link pra cada tipo de vaga. Não mentindo, e sim deixando claro quais pontos de um perfil generalista você conseguiria desenrolar.
- Aplicando. Sim. Se você se identifica como mulher, você aplica pra 20% menos vagas que homens 1. Você não precisa ter 100% dos requisitos de uma vaga pra se candidatar a ela. Enquanto você se sente impostora, alguém medíocre (no sentido de médio) conquistou uma vaga porque não teve medo de aplicar. Aplique.
Especialistas que leem a news, sintam-se a vontade pra deixar outras dicas nos comentários.
Espero que te ajude de alguma forma!

A IA vai mesmo roubar nossos empregos? O que acha?
Esse assunto vale uma news por si só, mas… não dá pra dizer.
Pra mim, a pergunta já começa errada. Não é esse o ponto. O ponto é: o que fazer?
Esse pensamento de substituição por máquinas parece quando o herói do desenho fica esperando paciente o vilão ficar mais forte pra tomar um cacete. Você realmente vai ficar esperando alguém te dar essa certeza?
Se a IA em algum momento for substituir nossos empregos vamos precisar nos adaptar. Espero que você não se adapte quando já for tarde demais.


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