UX Collective 🇧🇷

Curadoria de artigos de UX, Visual e Product Design.

Follow publication

A criatividade na era da IA generativa

Jonas Silva
UX Collective 🇧🇷
5 min readJan 23, 2024

--

Uma fotomontagem de uma mulher pensativa, olhando para o nada e coberta de uma explosão de cores, a parte de seu cabelo possuir imagens de interfaces gráficas vintage.
Imagem criada no Midjourney.

Vivemos em uma era de profundas transformações impulsionadas pelo rápido desenvolvimento tecnológico. Nesse contexto, as habilidades humanas como a criatividade, adaptabilidade, comunicação, liderança, entre outras são cada vez mais valorizadas no ambiente profissional.

Ao mesmo tempo, vemos o rápido avanço de tecnologias como Inteligência Artificial Generativa — sistemas algorítmicos capazes de criar variados outputs como texto, imagem, áudio e vídeo com certo nível de qualidade.

Surge assim um questionamento importante:

Como conciliar o potencial de ampliação da criatividade proporcionado por essas tecnologias com a preservação da essência única do talento humano?

Com base nesse desafio, resolvi escrever esse texto explorando um pouco das nuances dessa questão. Analiso capacidades e limitações atuais dos sistemas de IA generativa em tarefas criativas. Discuto como essas ferramentas podem de fato amplificar e acelerar a criatividade humana, ao mesmo tempo que continuam incapazes de substituir características genuinamente humanas como discernimento, expertise de domínio e capacidade de fazer associações profundas com significado e propósito.

Argumento, portanto, que a integração criador-ferramenta — com o humano sempre no controle — é o caminho mais promissor para uma criatividade cada vez mais sofisticada e de alto impacto.

Uma fotomontagem de uma homem sentado em seu home office, de frente para um monitor, olhando para uma interface gráfica, ao fundo possui uma parede com textos e gráficos.
Imagem criada no Midjourney

O que é criatividade?

A criatividade pode ser definida como a capacidade humana de gerar ideias, conceitos ou artefatos que apresentem, simultaneamente, características como novidade, relevância, valor estético e significado. Ela envolve processos cognitivos complexos de imaginação, insight, combinação de conceitos pré-existentes, analogias e metáforas. Arthur Koestler denominou esse processo de “bisociação” — a percepção de uma situação ou ideia em duas perspectivas autoconsistentes, mas normalmente incompatíveis.

­

Por que a criatividade é tão necessária atualmente?

Em um mundo em constante transformação e disrupção digital acelerada, a criatividade se tornou uma habilidade humana fundamental, pois, segundo a própria ciência, a criatividade pode potencializar outras habilidades humanas como adaptabilidade, resolução de problemas, inovação e liderança. Ela nos ajuda a resolver problemas de formas não tão convencionais, comunicar mensagens de maneiras impactantes, reinventar processos e modelos de negócio.

A criatividade potencializa nossa capacidade de lidar com desafios em qualquer área ou domínio.

Uma fotomontagem de uma mulher jovem utilizando um óculos de realidade aumentada, a motagem possui sombras coloridas e simulações de interfaces gráticas.
Imagem criada utilizando o Midjourney.

Inteligência artificial generativa e a criatividade

Nos últimos anos, o avanço exponencial de técnicas de Inteligência Artificial como redes neurais profundas (Deep Learning) permitiu o desenvolvimento de sistemas de IA generativa capaz de criar outputs variados como texto, imagem, vídeo, código e até música com algum nível de autonomia, a partir de inputs textuais ou outras entradas fornecidas por humanos.

Exemplos incluem o ChatGPT da OpenAI, o Midjourney, que gera imagens realistas e artísticas com base em descrições textuais, e ferramentas como GitHub Copilot, que sugere códigos para programadores com base no contexto de códigos pré-existentes.

A ascensão dessas tecnologias tem gerado discussões sobre o futuro da criatividade humana e o potencial desses sistemas de IA para replicar ou até superar capacidades criativas.

Uma fotomontagem de um ser humano utilizando um capacete com um visor em formato de um computador mostrando uma interface gráfica vintage.
Imagem criada utilizando o Midjourney.

Limitações da IA generativa

Nos últimos 12 meses, venho experimentando e utilizando diversas ferramentas de IA Generativas, e apesar do enorme potencial, essas ferramentas atualmente disponíveis ainda apresentam diversas limitações importantes em relação à criatividade humana:

  • Falta um modelo mental completo sobre o mundo real necessário para fazer associações profundas e gerar insights criativos e genuinamente originais;
  • Apesar de poderem explorar um espaço mais amplo de ideias, ainda não conseguem determinar quais ideias geradas por algoritmos possuem real valor, relevância ou significado. Falta discernimento;
  • Não possuem vivências, experiências, habilidades tácitas, intuição desenvolvida ao longo de uma carreira ou formação, necessárias para elevados níveis de expertise criativa em áreas específicas.

Portanto, apesar do hype, essas tecnologias continuam longe de substituir o pensamento criativo humano — especialmente em contextos que demandem significado mais profundo ou interpretações sobre o mundo real.

­

Potencial para amplificar a criatividade humana

Por outro lado, a IA generativa tem um enorme potencial para amplificar e acelerar processos criativos humanos. Sistemas como o ChatGPT, Google Bard, Midjourney ou Adobe Firefly podem atuar como “amplificadores” ou “assistentes” da criatividade, aumentando a produtividade de designers, artistas e outros profissionais.

Alguns potenciais benefícios:

  • Estímulo a ideias e exploração rápida de opções visuais ou conceituais que levariam muito mais tempo para serem desenvolvidas manualmente;
  • Capacidade de processar rapidamente uma quantidade massiva de inputs e referências visuais, identificando padrões e combinações interessantes que um ser humano levaria meses ou anos para assimilar;
  • Redução no tempo gasto em tarefas repetitivas sem muito valor criativo agregado, permitindo que os profissionais criativos foquem no que realmente importa: a essência do trabalho criativo.

­

Potencializando a criatividade com IA no design

Para um profissional de Design, a IA pode ser uma aliada poderosa. Ao invés de ver a IA como uma ameaça à criatividade, é essencial integrá-la como uma ferramenta complementar:

  • Assistência Criativa: Utilização dos algoritmos de IA para gerar insights, explorar possibilidades e oferecer sugestões durante o processo criativo em um projeto de design.
  • Análise Orientada por Dados: Aproveitar a capacidade da IA para analisar dados e tendências, oferecendo uma base sólida para embasar decisões estratégicas.
  • Personalização e Experiência do Usuário: Use a IA para criar designs personalizados, adaptados às necessidades individuais dos usuários, elevando a experiência do usuário a um novo patamar.
Uma fotomontagem de um rosto feminino com foco em seu olhar e coberta por imagens de texto e documentos no estilo vintage.
Imagem criada no Midjourney.

Visão para o futuro

A Inteligência Artificial Generativa não vai substituir ou tornar dispensável o pensamento criativo humano em um futuro breve. Entretanto, ela já apresenta benefícios em termos de amplificação e aceleração da criatividade humana.

Cabe aos profissionais criativos entender essas tecnologias, suas limitações atuais e potenciais futuros, e como integrá-las em seus fluxos de trabalho para potencializar seus talentos. Mas sempre mantendo seu discernimento, expertise de domínio e sensibilidade criativa como elementos centrais e insubstituíveis.

Essa integração criador-ferramenta é o caminho mais promissor para uma criatividade cada vez mais sofisticada e impactante.

--

--

Written by Jonas Silva

Designer Research | Service Design | Curador de Conteúdo | Criador de Conteúdo | Fotógrafo. https://www.linkedin.com/in/jonashds/

No responses yet

Write a response