A importância de compreender o comportamento humano
Uma necessidade atual para designers.

Com mais de 7 Bilhões de pessoas na terra, é fácil assumir que conhecemos e entendemos o quão diferente é o relacionamento humano em seus diversos contextos.
Nada mais justo, designers mais experientes talvez tenham uma ideia ou outra de como a mente de um ser-humano “médio” se comporta interagindo com um produto. Mas uma coisa que eu aprendi trabalhando com design de interfaces nos últimos anos é que suposições não validadas nunca foram a melhor maneira de desenvolver um bom projeto/produto.
Vamos voltar um pouco.
Provavelmente, podemos buscar “Design Centrado no Ser Humano” desde a década de 90, quando começaram a falar sobre o tema. No começo, a arquitetura na qual UX/UI se apoia era transmitido como princípios e padrões, de tipografia até alinhamento, mapas de jornada, prototipação e por aí vai.
Apesar de todos estes padrões estabelecidos, o que eu percebi foi que no mundo de UX/UI atualmente, centenas de designers mesmo depois de seguir os princípios ao pé da letra, muitas vezes cometem erros bobos por simples negligência.
Onde o caos começa…
Existem muitos elementos que minimizam a necessidade de um entendimento profundo do comportamento humano durante o processo de Design Thinking. Lembrando, estamos no século XXI e não precisamos discutir que, o que atraía pessoas na Era do Gelo ou da Pedra definitivamente não vai funcionar nessa Era.
Então hoje, começamos com a pergunta mais básica sobre a fundação humana.
“O que faz dos humanos, humanos?”
Ou talvez, sejamos mais diretos…
“O que TE faz humano?”
Se parar pra pensar o suficiente, vai perceber que o que te faz humano não é sua estrutura corporal e atributos — Ok, talvez você tenha cabelos sedosos, aquela mandíbula bem definida, dentes brancos, gengivas saudáveis, longas pernas, costas eretas e muito mais. Tudo isso são extras (Muito bons por sinal), mas você é muito mais do que apenas atributos físicos.
O que nos faz humanos é a função de todas estas partes juntas que justamente não conseguimos enxergar, que no entanto, é o que define nossa existência.
Desde como nos sentimos, emoções, necessidades, as conexões que fizemos e que desejamos fazer, etc. Todas estas funções também se aplicam quando projetamos para humanos (users).
Talvez você não queira ouvir isso, mas inter-relacionar ou projetar uma interface para seu usuário final depende do entendimento sobre seu comportamento, sentimentos e necessidades, e não necessariamente sua habilidade técnica.
Precisamos menos de “Eu já sei qual a melhor funcionalidade pra esse produto” e mais de “O que meus usuários pensariam e como se sentiriam quando usassem essa funcionalidade?”. Então vamos tentar entender mais do comportamento humano, investigando como você pode equilibrar suas mentes centradas-no-ser-humano vs centradas-no-design para evitar o design de um produto que apenas frustra e, em última análise, assusta os usuários (o que poderia, em alguns casos, afetar sua carreira).
Sem mais delongas, vamos nessa.
1. Comportamento — Humanos lêem por escaneamento (Falando sobre paciência)

Uma pesquisa conduzida pela NN/Group sobre como pessoas lêem páginas na internet revelou resultados chocantes. Primeiro, 79% das pessoas só dão uma olhada nas webpages que visitam, e só 16% lêem todas as palavras.
A última atualização da pesquisa mostrou um fato ainda mais brutal. Newsletter por e-mail são lidos ainda mais rápido do que webpages. Não há como negar o fato de que compreender o estilo do leitor da web comum lhe dá uma vantagem no desenvolvimento e colocação de seu ‘gancho’.
Eu diria que: Como Designers, uma vez que você entende que seu usuário médio gasta menos tempo em webpages (pouco menos que 15 segundos) é meio que inevitável tomar uma das duas decisões:
- Posicionamento perfeito do que é mais importante, assim, mesmo sendo impacientes não perdem informação necessária, ou
2. Um processo de design excelente com a capacidade de atrair e manter seus primeiros 5 segundos, que é tão irresistível e só faz com que desejem mais do que sua página da web tem a oferecer.
Abaixo estão alguns paços adicionais que vão te ajudar não só com seu objetivo, mas também deixar claro para seus usuários o que é mais relevante e a ‘pegar’ a atenção deles mais rápido.
Paços adicionais:
- Adote a abordagem de agrupamento:
Uma melhor maneira de facilitar a capacidade de escaneamento é garantir que as coisas que estão relacionadas logicamente estão relacionadas visualmente — agrupar conteúdos relacionados de acordo, como por exemplo, em jornais ou menu de restaurante. - Use e abuse dos cabeçalhos:
Para um processo de design eficiente, não podemos ignorar importância de hierarquias. Seus títulos, subtítulos, são essenciais para capturar e prender a atenção dos usuários. Eles informam do que trata cada seção ou se é relevante para o leitor. Use-os o máximo que puder. Mas seja dinâmico e objetivo. - Nunca se esqueça de K.I.S.S. (Keep It Short and Simple) — No português claro, “seja curto e grosso”:
Parágrafos e textos curtos não são apenas agradáveis aos olhos, mas também tornam a leitura puramente simples e fácil.
Em contraste, parágrafos longos tornam mais difícil para os leitores acompanharem e, assim, perdem facilmente o interesse. Eles também são mais difíceis de escanear do que uma série de parágrafos curtos. Você provavelmente já ouviu que simples é a nova sofisticação.
Importante: Não se esqueça de adotar uma tipografia legível em seu processo de simplificação. - Bullet points? Sim, mas use-os bem:
Se disséssemos que partir pra listas com bullet-points é a nova moda, não estaríamos enganados. Em designs modernos, quase tudo pode ser uma lista.
Você tem uma frase que separa muitas coisas com uma vírgula? Então, pode ser uma lista com marcadores.
A solução para evitar que seu fluxo de design seja frustrada pelo escaneamento de leitura dos usuários é criar hierarquias visuais eficazes.
Você pode não conseguir fazer com que os usuários parem de escanear as webpages em vez de ler, mas pode manter esse escaneamento por mais tempo possível. Quanto mais tempo permanecerem, maiores serão as chances de realizar ações específicas que você criou.
Sobre o próximo tópico, acho que podemos até chamá-lo de “Stranger Things”
2. Comportamento — Humanos não se sentem confortável com mudanças (adaptação lenta)

Como diz o clichê,
Designers são criaturas estranhas tentando criar para pessoas desconhecidas que resistem à mudanças.
Quão estranho é isso?
Existe um fato peculiar sobre humanos que temos que aceitar: Pessoas tendem a ser resistentes para aceitar mudanças ou adaptações. Casos raros são quando tais mudanças são a única opção ou quando são impostas.
Lembra quando material design da Google surgiu? Os pioneiros perceberam esse comportamento, então definiram um conjunto de princípios de design que orientaram a criação de todos os outros produtos. É por isso que em todos os smartphones, não importa a marca, o ícone de engrenagem sempre te leva para as configurações, e o ícone de hambúrguer leva você para o menu, o botão verde aceita uma chamada, o vermelho termina e assim por diante…
Isso não deveria ser diferente pra UX e UI. Já existem algumas leis que reagem aos usuários independente do contexto. Então, queridas criaturas, quando estão desenvolvendo algo para estranhos, poderiam por gentileza não inventarem coisas muito diferentes ou tentar mudar o status quo?
Mudanças são boas, no entanto, não precisamos reinventar a roda e sim melhorá-la. Sigam as leis de UX pra guiarem suas decisões e princípios, e assim estarão no caminho correto para melhorar a usabilidade no geral.
Alguns pontos adicionais abaixo:
- Use design systems — Isso garante consistência em uma aplicação, isso faz com que seus usuários aprendam, se adaptem e se tornem familiar com os componentes mais rapidamente.
- Siga aquilo que funciona — Do mesmo jeito que os DJ’s fazem um remix, você não precisa de algo completamente novo, é muito arriscado. Por exemplo, a razão pela qual a tab de navegação dos aplicativos é posicionada em baixo é porque é a área mais perto dos dedos considerando o modo como 89.9% das pessoas seguram seus smartphones.
→ Bons artistas copiam, os ótimos roubam. Nada é novo…
→ Ache a vazio e complete.
→ Poupe tempo e evite que seus usuários se sintam alienados.
Continuando.
3. Comportamento — Pessoas não lêem instruções. (Ah-ha! Elas só supõem)

Humanos não costumam ler ou gostar de instruções, especialmente quando são super longas. Lembra do sentimento de quando pedem para ler pos termos de uso e condições?
Todo mundo pensa do mesmo jeito.
Tendo isso em mente, você tem que se esforçar para que seu fluxo seja o mais claro e óbvio possível. Você não gostaria que seus usuários vissem seu produto com os mesmo olhos que vêem manuais de instrução, certo?
Este é o motivo — quando falamos sobre instruções — pelo qual você precisa fazer com que seja direto. Tentar falar bonito ou ser prolixo com as palavras não vai te ajudar em nada. Em vez disso, faça com que seu conteúdo seja preciso e que ajude seu usuário com o objetivo final. Lembre-se também, você está competindo contra tempo e espaço, combine os dois sabiamente.
Mas e quando ler instruções longas são realmente necessárias?
Bom… Nesses casos o nosso papel é ajustar o “como”. Também conhecido como remodelar o processo de entrega de instruções.
Uma das maneiras é deixar as instruções mais “gráficas” onde podem ser — Imagens já foram provadas como elementos “ganhadores de atenção” e falam muito mais que palavras. Esse é um dos motivos pelo qual manuais de instrução em eletrônicos aumentaram o uso de imagens.
Outra boa maneira de representar instruções em aplicações mobiles são as telas de onboarding.
Auto-explicativo é a palavra.
4. Comportamento — Seres humanos são emocionais por natureza.

Provavelmente você já ouviu isso milhões de vezes, mas ainda assim é bom repetir. Nós, seres humanos temos o aspecto emocional que é o que realmente nos define (Como acabamos de dizer).
Ao longo do tempo, existe a crença de que o comportamento humano permeia entre as seis emoções básicas: Felicidade, tristeza, medo, raiva, surpresa e nojo. Esse é o motivo pelo qual a Psicologia das cores em UX tenta muito bem relacionar e justificar como as emoções se conectam com diferentes usos de cores.
Como designer, existe uma regrinha pra entender as emoções do seu usuário
Desde desenvolver empatia até adicionar personalidade ao seu designer, as emoções ajudam a gerar uma melhor uma melhor interação com o usuário do seu produto. E além de garantir um produto onde seus usuários se identifiquem, emoções também ajudam a balancear um “sentimento geral”.
Se seus usuários são humanos, trate-os como humanos e não como “visitantes” do seu produto ou site. A linha que divide isso é um design empático.
Como designer profissional, abaixo alguns exemplos de como entender as emoções do seu usuário te dá uma ideia muito mais ampla de como começar.
A. Criar uma experiência personalizada — Quando usuários acreditam que aquela experiência foi personalizada para eles, a tendência é ficarem mais interessados e emocionalmente ligados ao produto.
B. Adicione personalidade à marca — Mesmo estando na era da computação, nós humanos ainda queremos interagir com outros humanos e ser tratados como tal. Colocar emoções do usuários no seu processo pensativo enquanto cria interações te ajuda a construir personalidade, o que cria relacionamento entre o seu produto e o usuário.
C. Demonstração de Empatia — Entender os sentimentos do seu usuários e se color no lugar deles te ajuda muito em desenvolver uma comunicação adequada, e por consequência atingir seus objetivos gerais. Considerando que humanos são totalmente emocionais, cores podem ajudar a descrever certas ações/emoções e estabelecer empatia.
Por exemplo, para uma mensagem alegre de objetivo cumprido, amarelo pode ajudar muito na mensagem (amarelo e roxo é a jogada).
D. Aumentar o engajamento e reduzir o abandono — Já temos evidências o suficiente de que humanos, quando emocionalmente interessados, interagem mais tempo do que o contrário.
Entender os sentimentos do seu usuários e se colocar no lugar deles te ajuda muito em desenvolver uma comunicação adequada, e por consequência atingir seus objetivos gerais.
Para se relacionar emocionalmente com humanos, que se tornarão seus usuários, emoções são os melhores elementos. Elas fazem com que você seja visto como verdadeiramente atencioso e o mais importante, deixa uma última memória sua e do seu trabalho no seu usuário.
Artigo traduzido do Inglês para o Português
Autora do artigo original: Tolu Arowoselu
