ABNT NBR 17225: Uma evolução para a Acessibilidade Digital
Um novo marco na Inclusão Digital, a norma pode transformar a Web?
“O poder da web está na sua universalidade. O acesso para todas as pessoas, independentemente de suas deficiências, é um aspecto essencial” Tim Berners-Lee, criador da World Wide Web
No dia 11 de março, foi lançada a norma ABNT NBR 17225: Acessibilidade em conteúdo e aplicações Web. Essa norma representa um grande avanço, garantindo que sites e aplicativos sejam desenvolvidos seguindo as melhores práticas internacionais, em conformidade com a Lei Brasileira de Inclusão (LBI). Tive a oportunidade de contribuir para a construção desse texto e, ao longo do processo, aprendi muito sobre a importância de tornar a acessibilidade digital mais clara e aplicável. Antes disso, muitas empresas não sabiam exatamente como tornar suas plataformas acessíveis. Agora, contamos com uma referência sólida que torna a web um lugar mais inclusivo para todos.
O que torna a NBR 17225 tão importante?
Se você já tentou usar um site com botões pequenos demais, letras difíceis de ler ou um layout confuso, sabe como pode ser frustrante. Agora, imagine essa experiência sendo uma barreira diária para milhões de pessoas. A NBR 17225 veio para mudar isso.
A norma detalha critérios baseados nas Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web (WCAG 2.2), transformando recomendações técnicas em orientações práticas. Em outras palavras, ela não apenas diz o que deve ser feito, mas também como implementar acessibilidade de forma eficiente.
O impacto global da norma brasileira
A ABNT NBR 17225 não é apenas um avanço para o Brasil, ela coloca o país na vanguarda da acessibilidade digital global. Veja por que isso é tão significativo:
- Tornando a acessibilidade mais compreensível: A norma traduz as WCAG 2.2 para uma linguagem mais direta e adaptada à realidade brasileira, o que pode servir de modelo para outros países.
- Acompanhando os padrões mais modernos: Diferente de outras legislações, que ainda utilizam versões mais antigas das WCAG, o Brasil já está atualizado com as diretrizes mais recentes.
- Referência para empresas internacionais: Empresas globais que seguem as WCAG 2.2 automaticamente se alinham à norma brasileira, facilitando sua operação no país.
- Impulsionando inovação: A acessibilidade não beneficia apenas usuários com deficiência, mas melhora a experiência de navegação para todos.
Essa mudança não apenas fortalece a inclusão digital no Brasil, mas também posiciona o país como um exemplo para nações que ainda estão estruturando suas próprias regulamentações.
Como a norma está organizada?
A NBR 17225 traz 146 diretrizes, divididas entre requisitos técnicos e recomendações, abrangendo todos os aspectos da acessibilidade digital. Entre os pontos principais, estão:
- Interação por teclado. Garantindo que qualquer site possa ser navegado sem a necessidade do mouse.
- Uso correto de imagens. Fornecendo descrições alternativas para leitores de tela.
- Hierarquia de conteúdo bem estruturada. Tornando a navegação mais intuitiva para todos.
- Contraste e legibilidade. Ajustando cores e tamanhos de fonte para facilitar a leitura.
- Formulários acessíveis. Evitando frustrações com campos mal identificados ou mensagens de erro confusas.
Além disso, a norma inclui um checklist prático para que as pessoas possam avaliar se sites e aplicativos estão em conformidade com as exigências estabelecidas. Isso simplifica a adaptação e reduz a margem para erros.
Outro ponto inovador é a atenção dada aos “itens críticos”, como CAPTCHAs inacessíveis e reconhecimento facial problemático. A norma apresenta alternativas acessíveis para esses elementos, evitando que usuários fiquem bloqueados ao tentar realizar tarefas simples online.
Como podemos implementar a NBR 17225?
As pessoas que atuam com acessibilidade (desenvolvedores, designers, consultores, testers e redatores) têm um papel essencial na aplicação da norma. Algumas formas práticas de implementação incluem:
- Auditorias de acessibilidade. Identificar problemas nos sites atuais e mapeá-los de acordo com as diretrizes da NBR 17225.
- Critérios acessíveis em user stories. Incorporar acessibilidade desde o início do desenvolvimento, em vez de deixá-la para revisões tardias.
- Testes com usuários reais. Validar as mudanças com pessoas que utilizam leitores de tela, navegação por teclado e outras tecnologias assistivas.
- Educação contínua. Profissionais de tecnologia devem se atualizar sobre acessibilidade e incluir boas práticas em seus fluxos de trabalho.
Mais do que uma questão de conformidade, a acessibilidade digital melhora a experiência para todos os usuários. Layouts bem estruturados, conteúdos claros e uma navegação intuitiva tornam qualquer site ou aplicativo mais eficiente.
O futuro é inclusivo
A ABNT NBR 17225 vai muito além de um conjunto de diretrizes, é um marco para a construção de uma internet verdadeiramente acessível. Ao estabelecer padrões claros e atualizados, essa norma coloca o Brasil na vanguarda da acessibilidade digital, promovendo um ambiente online mais inclusivo para milhões de pessoas.
Agora, a responsabilidade está em nossas mãos. Designers, desenvolvedores, gestores e criadores de conteúdo têm um papel essencial na transformação desse cenário. A acessibilidade não deve ser vista como um requisito burocrático, mas como um compromisso com a equidade digital. Felizmente, temos um guia sólido para nos orientar nessa jornada.
O futuro da web já está em construção e ele precisa ser acessível para todas as pessoas. Vamos fazer parte dessa mudança?
Acesse a norma pelo site do Ministério Público. Meu LinkedIn.
