Acessibilidade: criando personas inclusivas

Fabricio Teixeira
UX Collective 🇧🇷
4 min readJun 21, 2015

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Esse post faz parte do Mês da Acessibilidade aqui no Blog de AI: uma série de artigos sobre construir experiências que sejam acessíveis a mais usuários, e em novos contextos de uso. A ideia é encorajar mais designers a lerem, discutirem e promoverem Acessibilidade em suas empresas, comunidades e entre amigos.

Já escrevemos por aqui sobre algumas boas práticas para desenhar interfaces acessíveis e sobre os impactos do Design Responsivo na Acessibilidade.

Mas como garantir que Acessibilidade seja um fator pensado desde as primeiras etapas do projeto, e que continue importante em cada nova etapa do processo de design?

Conheça as personas inclusivas

Personas são uma etapa bastante importante do processo de Design. Para quem não está familiarizado com o termo, Personas são “retratos” de quem é o usuário para o qual você está desenhando o produto, e normalmente é um documento definido em conjunto entre as várias partes envolvidas no projeto: designers, clientes, gerentes de projetos, product owners, desenvolvedores e outros stakeholders.

Documento_de_Persona_exemplo

Nas Personas, os designers procuram documentar alguns informações básicas sobre o perfil demográfico do usuário, bem como suas necessidades, desejos e ansiedades quando estão interagindo com o produto.

E se algumas dessas personas fossem portadores de necessidades específicas?

kim

“Kim possui problemas de audição desde os 5 anos de idade. Ela é portadora da Síndrome de Alport, uma condição genética que normalmente resulta em surdez. Ela já tinha aprendido a falar quando ficou surda, o que permite que ela ainda se comunique verbalmente com amigos e familiares. Pessoas que não estão acostumadas com seus padrões fonéticos têm uma certa dificuldade em entender o que ela fala, mas logo se acostumam. Ela acabou de se mudar para uma república de estudantes, e está um pouco ansiosa sobre as primeiras conversas que vai ter com seus colegas de quarto.”

Uma persona com necessidades especiais tem as mesmas características, demografia, nível de experiência com tecnologia e nível de detalhes pessoais do que outras personas. É comum que nesse tipo de persona descreva-se quais são suas limitações e quais as considerações de acessibilidade que devem ser levadas em conta na hora de desenhar produtos para elas:

  • Qual a limitação que possuem (exemplo: cegueira, dificuldade em usar o mouse, dificuldade de operar em ambientes barulhentos);
  • Ferramentas ou tecnologias especiais que precisam usar (exemplo: lente de aumento de tela para ler textos pequenos, leitores de tela, etc.)
  • Nível de experiência com essas tecnologias assistivas;
  • Frequência de uso dessas ferramentas e tecnologias;
roger1

“Ro

start highlight

ger tem um problema de degeneração ocular que, em seu caso, causa desfoque na visão central do olho esquerdo. Quando está lendo online ou fazendo passatempos, ele precisa de mais luz na tela e às vezes usa uma lente de aumento.”

Mais exemplos de personas inclusivas:

Mudanças acontecem com pequenos gestos

Em um projeto recente discutimos internamente esse assunto e resolvemos incluir uma persona com dificuldades visuais no projeto. Não consultamos o cliente antes. Chegamos na reunião com as quatro personas que o cliente esperando, mas com um pequeno detalhe em uma delas: a usuária, Michelle, tinha cegueira parcial e navegava na web usando um software leitor de tela.

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A reação do cliente foi surpreendente: depois do estranhamento inicial, a reunião tomou um rumo interessantíssimo. Nela pudemos discutir a importância da Acessibilidade para o projeto e o impacto para a marca. Lógico que levamos alguns dados para suportar nossa teoria (de que uma boa parcela dos usuários daquele site específico poderia ter problemas de visão), mas depois de alguns minutos de discussão com o cliente já estávamos falando sobre qual seria o impacto de desenharmos um site 100% acessível — tanto do ponto de vista de Design quanto de Tecnologia.

Abrimos as WCAG (Web Content Accessibility Guidelines) na tela e começamos a falar sobre qual nível de acessibilidade seria suportado pelo sistema que estávamos prestes a redesenhar.

Uma estratégia que, se não funcionar por completo, pelo menos traz a discussão à tona logo nas etapas iniciais do projeto.

Abaixo uma apresentacão mais detalhada sobre o assunto, criada por Whitney Quesenbery, diretora do Center for Civic Design em NY.

(Se você estiver lendo este post por RSS e a apresentação acima não abrir, veja-a no blog)

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