Uma metodologia para a etapa de arquitetura da informação

Organizando e dando sentido a coisas

Jonatas Guerci
UX Collective 🇧🇷

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A disciplina de UX consiste em uma série de praticas e processos para que o usuário consiga realizar o que ele precisa de forma simples, seja navegando em um sistema digital ou interagindo com outras pessoas. Entre pesquisa de ux, escolhas heuristicas de usabilidade, análise de resultados, design visual, estratégia de conteúdo e outros processos. No meio de tudo isso a arquitetura da informação se destaca pela importância. Sem uma boa arquitetura a experiencia vai por água abaixo.

A importância de organizar

Criar relação entre itens é uma arte

Imagine você saindo agora da sua casa pegando um avião e, depois de algumas horas, entrando em um supermercado do outro lado do mundo. É bem provável que você leve alguns segundos para entender como aquele ambiente funciona, como os itens se agrupam e qual a lógica dessa organização, principalmente se você não souber o idioma local. Por outro lado aeroportos são extremamente fáceis de navegar. Nós estamos tão acostumados com a forma que as coisas se organizam que as vezes não nos damos conta de que elas foram pensadas e hierarquizadas.

Desde as gondolas de um supermercado até uma banca de jornal é fundamental que a organização de itens seja reconhecível e faça sentido para a maior parte das pessoas. Uma boa organização de informações diminui a fricção na interação com o usuário, proporcionando uma experiência mais fluida. Por isso organização das informações se torna ainda mais fundamental quando tratamos de sistemas complexos.

Nesse sentido a arquitetura da informação é um processo que nos ajuda a construir essas relações e organizar os itens de um sistema de uma forma mais lógica para que o usuário encontre mais facilmente. Podemos dividir o processo de arquitetura em três etapas principais, ontologia, taxonomia e coreografia.

Fazendo uma arquitetura que funciona

Dê sentido para a organização

Primeiro é importante manter em mente que cada ser humano é diferente. Lembre-se que quase tudo que faz sentido para você não faz o menor sentido para quem está ao seu lado. Isso serve para o design de experiencias, só é bom se o usuário entende. Por isso para que a sua arquitetura funcione é fundamental que você envolva pessoas no processo, desde a escolha das palavras certas até a organização dos grupos. Arquitetura da informação não é algo que se constrói com uma pessoa só no meio da noite. É fundamental envolver muitas cabeças que possam enriquecer o processo.

Existem algumas metodologias, dinâmicas e atividades que ajudam a construir a sua biblioteca de itens. Você pode consultar vários desses facilitadores nesse outro artigo aqui. Mas o principal não é a forma que você constrói mas sim o pensamento que te guia.

Compreendendo Ontologia

Abra o dicionário e a página de sinônimos

Azuis Pantone

Ontologia consiste em estabelecer o significado de cada palavra, estarão presentes no seu sistema. Por exemplo, quando falamos a frase: “O vestido dela é azul”. A qual azul o emissor está se referindo? Na verdade o receptor desta mensagem pode imaginar um número gigantesco de variadas cores que se enquadram dentro desta especificação.

Apesar desse tipo de informação funcionar perfeitamente para o dia a dia das pessoas ela não serve para alguns tipos de atividades que necessitam de informações específicas. Algo como “O vestido dela é azul turquesa” é algo extremamente mais específico. Pessoas que conhecem a cor azul turquesa associam imediatamente a informação a cor.

Da mesma forma que a pantone dá nomes, ou códigos para as cores, é necessário classificar o significado de palavras do seu sistema. Ao se fazer a arquitetura da informação de um sistema é bom ter um glossário do sistema que guie os designers. Por outro lado a escolha das palavras deve refletir significados corriqueiros pois não faz sentido que o usuário precise de um glossário para navegar seu sistema.

Compreendendo a Taxonomia

O ser humano ama hierarquia e agrupamentos

Taxonomia é a etapa de agrupamento dos conteúdos e ações de acordo com o significado. Nessa etapa é importante estruturar a informação na forma de um organograma, sendo seus desdobramentos um mapa do site, um wireframe ou fluxos de uso. Taxonomia é um termo da biologia que tem relação com a descrição, identificação e classificação dos organismos, individualmente ou em grupo. Por exemplo quando falamos em animais mamíferos, estamos nos referindo a uma gama de animais terrestres e aquáticos. No caso da arquitetura da informação é importante que cada palavra, ou ação, do sistema apareça de forma organizada para que o usuário possa encontrar o que busca. Logo, taxonomia é estruturar a informação para atingir um objetivo, agrupando peças de informação pelo seu significado criando relações entre os itens da arquitetura, além da atribuição de significados e escolha de termos.

Compreendendo a coreografia

Movimente os grupos

Coreografia é a última etapa da arquitetura. Após agrupar os significados, ou palavras, é necessário criar mais um nível de relação. Cada grupo de informação que surgiu da taxonomia deve se relacionar entre si. A coreografia é a etapa onde organizamos os grupos. Esta etapa do processo consiste, basicamente, em associar significados e estrutura. Desta forma é possível construir fluxos nos quais o usuário possa atingir os objetivos de navegação através dos significados da informação e das chamadas a ação que o sistema apresenta, sem ser distraído pelo próprio conteúdo do sistema.

E agora?

Vida pós arquitetura

Eu, pessoalmente acho interessante fazer fluxos de navegação após a arquitetura. Isso é uma outra técnica que ajuda a melhorar a experiência do usuário. Não vou discorrer sobre esse assunto, pois daria um outro artigo. Contudo o mapa de fluxo ajuda a “testar” a arquitetura. Pois ao mapear uma tarefa direcionada é possível enxergar falhas na arquitetura. Para isso é necessário fazer um mapa bem completo, prevendo o máximo possível de cenários.

Fim. A arquitetura é uma etapa fundamental para melhorar a experiência do usuário. Essa etapa ajuda a diminuir frustrações. Por isso essa etapa merece tempo e dedicação para que o seu projeto saia mais perto de uma ótima experiencia para os seus usuários.

Recursos:

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