Como eu, enfim, comecei a trabalhar 100% com UX
Começo a dizer que realizei um dos grandes objetivos de carreira, trabalhar 100% com UX e ter a oportunidade de continuar meu desenvolvimento numa área tão abrangente. Mas, para contar um pouco como foi a realização desse objetivo, preciso voltar até 2011, mais precisamente quando comecei como Designer Sr. no portal Minha Vida/Dieta & Saúde.
A minha fase de descoberta
Numa certa tarde, para resolver uma questão de navegação em uma galeria de fotos que acompanharia alguns dos brilhantes artigos da equipe de redação, sentamos eu e o então Arquiteto de Informação, Caio Bendazzoli. Começamos a conversar sobre qual seria a melhor forma de apresentar a a galeria e garantir boa usabilidade para o usuário: Seriam setas? Transições automáticas? Foto grande aberta e opção de navegação por fotos menores? Enfim, pensamos “N” soluções. O Caio já era um profissa monstro na área, afinal tinha se formado em biblioteconomia e que migrou de forma natural para arquitetura de informação e consequentemente para UX, começou a dissertar sobre arquitetura, navegação, heurística entre outras coisas. Foi aí que senti e entendi o quão necessário é conhecer profundamente o usuário por trás do mouse e que faria uso daquelas funcionalidades.
Era necessário aprender como oferecer ótimas experiências de navegação.
“O processo do design centrado no ser humano começa com uma boa compreensão das pessoas” Don Norman (nosso Yoda!)
Eu já estava na área do design, incluindo minha formação clássica na área gráfica (sim amigos, eu trabalhei com fotolito e pré-impressão), há mais de 10 anos naquele momento. Minha primeira agência foi em 1997, onde eu era um assistente de arte faz tudo, fazia até o café. E naquele momento eu pensei: “tenho que mergulhar nessas águas, até então, meio turvas.”
O início da jornada
Ciente da minha necessidade, fui atrás de mais informações. Pedi indicação para o Caio e outros membros da equipe de AI sobre livros, blogs e o que mais tivesse disponível. Oportunamente, uma empresa de treinamentos em São Paulo abriu vagas para um curso de Usabilidade e Experiência do Usuário. Inclusive, nos dois dias de treinamento, estavam presentes profissionais que até hoje permeiam no mundo de UX e isso me deixa muito feliz e honrado. Bem, após a conclusão do curso voltei inspirado e, como já era um costume no Minha Vida compartilhar conhecimento e experiências por meio de workshops, compartilhei aquilo que para mim era algo novo. A partir daquele momento, UX passou a fazer parte do meu propósito como profissional, principalmente levar em consideração o sentimento dos usuário em meus trabalhos.
Mas eu ainda não atuava 100% com UX.
Não muito tempo depois, fui convidado e integrar e liderar um time de Design em Campinas, na empresa Verisoft. E lá fui eu. Embora o cenário na empresa fosse outro, tive a oportunidade de compartilhar um pouco o que eu já sabia, ajudar na formação da equipe e participar no lançamento de alguns produtos da casa, além de refinar outros que precisavam de um olhar mais “humanizado”.
Apareceu a oportunidade de participar em um outro treinamento, um UX Day com o pessoal do Reset Lab, sendo que um dos mentores do treinamento foi o Eurípedes Magalhães, que também é uma excelente referência em UX e Design. Gostei muito do que aprendi naquele dia e novamente não retive o conhecimento e compartilhei com a equipe.
Assim, além de Team Leader, também exercia a função de pensar como UX nos projetos, mas ainda não era uma dedicação 100%.
Onde estou e como foi
Continuando a relatar um pouco da minha jornada, de 1997 até o começo de 2019, eu atuei como Designer, resolvendo interfaces, e atuei também como Diretor de Arte e Criação em agências. Trabalhei muitos anos como freelancer e foi ótimo.
Mas Patrick e o UX? Pois é, o UX. O maior objetivo que até então eu havia estipulado para minha carreira. Digo que na vida as coisas costumam mudar e você tem que se adaptar, seja por necessidades familiares, momentos ou propósitos. Só sei que tive que mudar um pouco o objetivo inicial e fixei um novo alvo: trabalhar 100% com UX até os 40 anos. Isso mesmo, mudar um pouco o sentido da minha carreira como designer, numa fase tão complexa e madura da vida. E, alguns anos depois, eu consegui!
Neste ano, alguns meses antes de completar os 40, fui contratado para assumir o posto de UX Designer numa empresa desenvolvedora de softwares na região serrana de Santa Catarina, a NDD. Uau! Que mudança! Mudar de cidade e estado, aprender uma nova cultura, um novo “idioma” e evangelizar a cultura de UX e Design e ajudar a estruturar um time de UX/UI numa empresa que está há 15 anos no mercado de tecnologia e que é líder em alguns segmentos. Um baita desafio!!! Um enorme aprendizado.
O que aprendi até aqui?
“Mudar é preciso. Nunca pare de aprender e de se adaptar. O mundo está sempre mudando. Se você se limitar àquilo que sabia e com que você se sentia à vontade em outra época da sua vida, ira se isolando à medida que envelhecer e sentindo maior frustração com as circunstâncias a sua volta.” (Emanuel Becker)
Sei que a história dessa nova etapa está apenas começando, mas eu já aprendi muita coisa valiosa e quero compartilhar com vocês:
- Não tenha medo das mudanças, elas podem ser positivas quando bem construídas e planejadas;
- Construa-se como pessoa antes de construir-se como profissional. Mais do que ferramentas e técnicas, UX é lidar com pessoas reais e para isso desenvolva seu lado humano, sua empatia;
- Migrar do gráfico ou do digital (sim do digital também é um certo tipo de migração) para o UX exige principalmente dedicação, estudo, escutar, aprender e a dica de ouro: humildade, aprenda a dizer não sei e corra atrás de aprender;
- Saiba que não existe verdade absoluta no comportamento humano. Alguns aceitam as mudanças, outros são mais resistentes;
- Estude e leia muito. Participe de encontros, workshops, treinamentos, troque ideias e ideais;
- Aproveite os conteúdos e experiências de outros profissionais da área. Temos canais de informação com dicas valiosas: UXLab, do Andrei Gurgel, UXNOW do Daniel Furtado, Design Team do Rodrigo Lemes, o UX Collective BR com o Fabrício Teixeira e muitos outros. Gente gabaritada, que não para de aprender e compartilhar conhecimento;
- Seus colegas de trabalho também são humanos, e você precisa exercer com eles e mesma empatia que terá por seus usuários;
- E compartilhe. Compartilhar é a melhor forma de aprender e moldar-se.
Hoje continuo estudando e me formando como pessoa, profissional e líder. Faço uma Pós em UX/Learning e pretendo seguir estudando e aprendendo, quem sabe até mesmo fazer um Mestrado. Mas não me preocupo tanto com o futuro, quero aproveitar ao máximo o atual momento e extrair o melhor que puder dessa nova etapa como UX Designer.
Tem muitas coisas que preciso desenvolver, tais como trabalhar melhor com algumas ferramentas e melhorar minhas técnicas de pesquisa e métrica. Mas tudo isso são ajustes e novos aprendizados, são coisas que também estão em constante mudança, melhoras e atualizações.
E hoje sim, dedico 100% do meu tempo com tudo relacionado a UX. Ufa!!!
Se você chegou até aqui, obrigado! Espero conhecer um pouco da sua história também, compartilhe. Agradeço de antemão os 👏👏👏👏 !!!
Em breve, espero ter mais novidades e novas experiências para compartilhar (Parte 1 já está escrita, confere lá!). Vou falar um pouco de minha nova rotina, do novo ambiente e de como tem sido lidar com novas culturas e pessoas.