Como evitar a subjetividade em Visual Design
Alguns princípios do design que ajudam na criação e análise de composições visuais
Realizar críticas construtivas e racionais quando estamos falando de visual design é sempre um desafio, normalmente a percepção visual acaba ultrapassando uma análise racional e embasada tecnicamente, sendo comum ouvirmos: "Ficou bem legal, curti." e/ou "Não gostei, não curto essa pegada".
O que acaba sendo extremamente frustrante para quem está buscando um feedback construtivo em busca de evolução.
Antes de iniciar a criação ou analise de alguma composição visual costumo levantar algumas questões, como:
- Qual história precisa ser contada (narrativa)?
- Qual é o elemento mais importante da interface (conversão)?
- Como garantir uma boa legibilidade e compreensão?
Tendo isso em mente, acredito que um dos melhores métodos para criar uma narrativa coerente, dar destaque aos elementos mais importantes da interface e para garantir uma boa legibilidade é a criação de uma boa hierarquia visual através de alguns princípios básicos do Design.
A hierarquia visual é um método de organizar elementos em uma interface física ou digital em ordem de importância. Em outras palavras, é um conjunto de princípios que influenciam a ordem em que percebemos o que vemos.
Abaixo destaquei alguns desses princípios que acredito serem extremamente relevantes e que geram boas reflexões e analises.
Espaço negativo & Sistema de espaçamento
Um dos princípios básicos da composição visual trata com o que você deixa de fora da sua interface, conhecido como espaço negativo ou espaço em branco (independente da cor de fundo).

O espaço negativo oferece muitos benefícios como guiar o olhar/leitura do usuário atraindo ou repelindo a atenção, melhora a legibilidade das informações, ajuda na compreensão do conteúdo e cria uma interface esteticamente agradável.
Sendo assim, criar um sistema de espaçamento consistente trabalhando de forma generosa os respiros entre os elementos é uma ferramenta muito eficaz na hierarquização das informações.
Quando pensamos em interfaces digitais (em especial as menores como mobile e smartwatches) e em responsividade, manter um bom espaçamento/respiro e aproveitar o viewport do usuário com conteúdo relevante se torna um desafio importante, cujo foco sempre deve ser a busca de equilíbrio, clareza e harmonia.

“Simplicity is about subtracting the obvious and adding the meaningful”
John Maeda
Proximidade
Proximidade é ato de agrupar elementos complementares para que os leitores percebam que estão relacionados, ajudando na compreensão da história que está sendo contada.

Também ajuda na organização das informações facilitando a escaneabilidade do conteúdo.

"Organization makes a system of many appear fewer." John Maeda
Tamanho e escala
O tamanho é, sem dúvida, a maneira mais simples de enfatizar os elementos visuais, afinal os elementos maiores atraem mais atenção do que os elementos menores.

Elementos maiores — sejam palavras ou imagens — além de serem mais notáveis, também levarão a mensagem mais forte.
Outro princípio importante relacionado a este conceito é a escala, que é o tamanho de um elemento em relação ao outro.
Não importa quão grande ou pequeno o objeto seja, ele só terá escala quando comparado a outro.

Cor e contraste
A boa escolha de um esquema de cores pode criar consistência, harmonia, ritmo e equilíbrio dentro de uma interface, mas também pode criar ênfase e contraste.

As cores quentes (vermelhos e laranjas) comandam a nossa atenção pois os nossos olhos são facilmente atraídos.
Já as cores frias (azuis e verdes) desaparecem gradualmente diante dos nossos olhos.
E é sempre válido relembrar algumas boas práticas:
Less is More
Excluindo algumas raras exceções, uma boa recomendação é criar uma paleta com no máximo 3 — 4 cores, assim será mais fácil criar uma boa harmonia entre os elementos e exigirá um esforço cognitivo menor do usuário para "aprender" o significado/interação que cada cor representa.
A regra do 60–30–10
Caso tenha seguido o conselho acima e optou por seguir com 3 cores, uma boa maneira de equilibrá-las em uma interface é aplicar a regra de 60–30–10. Isso significa que a cor primária ocupa 60% do espaço, a secundária ocupa 30% e a cor de destaque é responsável pelos 10% finais. Assim sua interface terá equilíbrio, consistência e os elementos que precisam de destaque serão evidenciados.

Concluindo, utilizar o método de hierarquia visual e seus princípios como forma de análise de uma interface é uma ótima forma de gerar reflexões e insights em busca de evoluções do ponto de vista de visual design.
E além dos princípios acima, existem outros extremamente importantes como por exemplo os padrões de escaneamento (f e z), alinhamento, tipografia, entre outros. Mas isso fica para um próximo post. ;)
Obrigado pela leitura e espero ter ajudado um pouquinho na busca por feedbacks construtivos e racionais.