Como tomo decisões de design

Descobrindo processos de design para auxiliar na criação de produtos e serviços.

Alessandra Gimenez
UX Collective 🇧🇷

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Mãos de mulher desenhando telas de aplicação mobile em um papel com caneta preta.
Photo by Kelly Sikkema on Unsplash

Tomar decisões de design é uma tarefa complexa e desafiadora. Nós, designers, precisamos considerar uma variedade de fatores, incluindo os objetivos do projeto, as necessidades das pessoas usuárias, as restrições técnicas e os orçamentos disponíveis.

Neste artigo, vou aprofundar os métodos que uso e dar umas dicas de como faço para tomar decisões de design de forma mais assertiva. Vou focar no design de produtos digitais, meu ramo de trabalho e os seguintes tópicos:

Por onde começo?

1. Definindo os objetivos do projeto

O que espero alcançar com o meu design? Quais são os resultados que desejo obter? O meu design resolverá um problema das pessoas usuárias? Ter um entendimento claro dos objetivos do projeto me ajuda a tomar decisões que sejam consistentes com esses objetivos. Eles devem ser específicos, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e temporais (SMART).

  • Específicos: Os objetivos devem ser específicos e bem definidos. Eles precisam responder às perguntas “o quê”, “quem”, “onde”, “quando” e “como”. Por exemplo, em vez de definir um objetivo como “desenvolver um novo produto”, eu defino como “desenvolver um novo produto para atender às necessidades dos clientes de XYZ”.
  • Mensuráveis: Os objetivos devem ser mensuráveis, para que eu possa acompanhar o progresso do projeto e determinar se estou está no caminho certo. Por exemplo, em vez de definir um objetivo como “aumentar a satisfação do cliente”, eu defino como “aumentar a satisfação do cliente em 10% em um ano”.
  • Atingíveis: Os objetivos devem ser atingíveis, mas desafiadores. Eles devem ser possíveis de serem alcançados com os recursos e as habilidades disponíveis. Por exemplo, em vez de definir um objetivo como “desenvolver um novo produto em uma semana”, eu defino como “desenvolver um novo produto em três meses”.
  • Relevantes: Os objetivos devem ser relevantes para os objetivos gerais da organização. Eles devem contribuir para o sucesso do negócio. Por exemplo, em vez de definir um objetivo como “desenvolver um novo produto para ganhar dinheiro”, eu defino como “desenvolver um novo produto para atender às necessidades dos clientes e aumentar a satisfação do cliente”.
  • Temporais: Os objetivos devem ter um prazo definido. Isso me ajuda a manter o foco e a priorizar as tarefas. Por exemplo, em vez de definir um objetivo como “desenvolver um novo produto”, eu defino como “desenvolver um novo produto em três meses”.

Ao estabelecer objetivos de forma criteriosa, a tomada de decisões se torna mais acertada. Costumo fazer um alinhamento desses objetivos, um processo que envolve todos os stakeholders para assegurar que estão em sintonia com os objetivos do projeto. Isso me permite eliminar ideias que não são produtivas e manter as que são promissoras. Aqui estão algumas questões que devem ser respondidas:

  • Quais problemas serão solucionados?
  • As pessoas usuárias escolherão usar isso?
  • As pessoas usuárias entenderão como se usa isso?
  • Os engenheiros conseguem desenvolver essa ideia?
  • Os stakeholders darão suporte a essa ideia?

2. Levando as pessoas usuárias em consideração

Pessoas sentadas uma ao lado da outra, olhando seus celulares.
Photo by ROBIN WORRALL on Unsplash

Quem são as pessoas usuárias do meu design? Quais são suas necessidades e expectativas? Entender as pessoas usuárias é essencial para criar um design que seja útil, acessível e agradável de usar. Um design de produto deve ser desenvolvido com base nas necessidades e expectativas das pessoas usuárias.

Existem várias formas de descobrir essas necessidades e expectativas. Uma que utilizo bastante é realizar pesquisas com essas pessoas. Isso pode ser feito por meio de entrevistas, pesquisas, análises de dados e outras técnicas de pesquisa. As informações coletadas por meio de pesquisas com pessoas usuárias me ajudam a entender o que precisam e esperam, bem como os seus problemas e desafios.

Outra forma de descobrir como as pessoas usuárias se comportam e como raciocinam diante de uma solução de design é prototipar e testar. Prototipagem é o processo de criar modelos ou simulações de produtos ou serviços. Testar soluções é o processo de obter feedback das pessoas usuárias sobre produtos ou serviços em desenvolvimento. Prototipagem e testes de pessoas usuárias me ajudam muito a validar ideias e garantir que as soluções atendam às necessidades delas.

Tenho algumas dicas específicas na hora de pesquisar e testar:

  • Comece com uma compreensão profunda das pessoas usuárias. Quem são? Quais são as suas necessidades e expectativas? Quais são os seus problemas e desafios?
  • Faça as perguntas certas. As perguntas que você faz às pessoas usuárias podem ajudá-lo a entender melhor as suas necessidades e expectativas.
  • Ouça atentamente. Preste atenção ao que as pessoas dizem e como elas dizem.
  • Seja empático. Tente se colocar no lugar das pessoas e entender o seu ponto de vista.

3. Considerando restrições técnicas

Dois colegas de trabalho em um escritório olhando para a tela de um notebook e conversando sobre um projeto.
Photo by Desola Lanre-Ologun on Unsplash

Considerar restrições técnicas é importante para tomar decisões de design de um produto digital, pois me ajuda a garantir que o produto seja viável e realizável.

Essas restrições podem incluir:

  • Limitações de hardware: O produto pode ser implementado com as tecnologias e recursos disponíveis? É necessário ter certeza que esses recursos estejam disponíveis antes de começar a desenvolvê-la.
  • Limitações de software: O produto pode ser desenvolvido com as ferramentas e frameworks disponíveis? É preciso garantir que essa tecnologia esteja disponível ou que os recursos necessários existam para desenvolvê-la.
  • Limitações de infraestrutura: O produto pode ser executado na infraestrutura existente? É necessário certificar-se de que a infraestrutura existente possa suportar o volume de dados.
  • Limitações de orçamento: O produto pode ser desenvolvido com o orçamento disponível? Se o orçamento para o desenvolvimento da ideia for limitado, é preciso priorizar as funcionalidades e os recursos mais importantes.

Ao considerar as restrições acima, evito problemas e atrasos no desenvolvimento do produto. Tenha sempre em mente:

  • Tenha uma compreensão clara das restrições técnicas antes de começar. Quais são as limitações de hardware, software, infraestrutura e orçamento?
  • Considere as restrições técnicas ao gerar ideias. As ideias são viáveis com as restrições técnicas existentes?
  • Seja criativo na solução de problemas técnicos. Existem maneiras de contornar ou superar as restrições técnicas?

4. Avaliando as alternativas

Post-its pendurados na parede com uma mão tirando um deles.
Photo by Kelly Sikkema on Unsplash

Sempre que possível, avalio várias alternativas antes de tomar uma decisão. Isso me ajuda a escolher a opção que melhor atende aos objetivos do projeto e às necessidades das pessoas usuárias. O que costumo fazer antes de tomar a decisão final:

  • Crio uma lista com diferentes soluções que podem ser implementadas.
  • Coleto informações sobre cada alternativa e analiso os prós e os contras de cada uma.
  • Comparo as alternativas para entender qual atende melhor aos objetivos do produto, às necessidades das pessoas usuárias e às restrições técnicas.

Próximos passos

Envolvendo as partes interessadas

Notebook de perfil, com mãos apontando para a tela, e outra sobre o touchpad
Photo by John Schnobrich on Unsplash

É indispensável obter feedback das partes interessadas, incluindo clientes, usuários, gerentes e outros membros da equipe, sendo eles:

  • Clientes: As pessoas ou empresas que pagarão pelo produto. Eles podem fornecer informações sobre seus requisitos de negócios.
  • Pessoas usuárias: Coo o nome já diz, são as pessoas que usarão o produto. Eles podem fornecer informações sobre suas necessidades e expectativas.
  • Gerentes: As pessoas que tomam decisões sobre o produto. Eles podem fornecer orientação estratégica e tomada de decisão.
  • Membros da equipe: As pessoas que desenvolverão e apoiarão o produto. Eles podem fornecer informações sobre as restrições técnicas e de recursos.

Como envolver as partes interessadas?

  • Defina claramente os papéis e responsabilidades de cada parte interessada.
  • Comunique-se regularmente com as partes interessadas sobre o progresso do projeto por meio de reuniões de follow-up.
  • Obtenha feedback das pessoas usuárias sobre o seu design. Isso ajudará a identificar áreas de melhoria e a tomar decisões que sejam mais alinhadas com as necessidades das pessoas usuárias.

Metodologias

Há diversas metodologias utilizadas para a tomada de decisões de design. Algumas das mais conhecidas são:

Visão de cima de 3 pessoas escrevendo em rascunhos e post-its de projeto.
Photo by UX Indonesia on Unsplash
  • Design thinking: é um processo iterativo que envolve a identificação do problema, a geração de ideias, a prototipagem e a avaliação. Utilizo bastante essa metodologia por ser útil para tomar decisões de design que sejam centradas nas pessoas usuárias.
Mulher de costas respondendo à uma pesquisa em tablet pendurado na parede.
Photo by Celpax on Unsplash
  • Metodologias de pesquisa: existem várias metodologias de pesquisa que podem ser usadas para coletar informações sobre as pessoas usuárias e os seus objetivos. Essas informações sempre me ajudam a embasar as minhas tomadas de decisão.
Tela de computador mostrando uma dashboard de dados.
Photo by Stephen Dawson on Unsplash
  • Análise de dados: os dados podem ser usados para identificar padrões e tendências que ajudam a tomar decisões de design. Por exemplo, é possível usar dados de uso para identificar os recursos que as pessoas mais utilizam ou as áreas que precisam de melhorias.
Pessoas sentadas em volta de uma mesa, discutindo ideias em post-its.
Photo by FORTYTWO on Unsplash
  • Discovery de produto: é um processo iterativo que envolve a identificação de oportunidades, a geração de ideias, a validação de ideias e o refinamento de ideias. O objetivo do discovery de produto é garantir que o produto seja bem-sucedido, atendendo às necessidades das pessoas e gerando valor para o negócio. É um dos métodos que mais utilizo atualmente.

Antes de escolher uma, é importante considerar os objetivos do produto/negócio, as pessoas usuárias, os recursos disponíveis e a cultura da empresa, dessa forma é possível avaliar qual se encaixa melhor ao projeto. Sempre tenho em mente algumas perguntas específicas para fazer a mim mesma ao considerar diferentes metodologias:

  • A metodologia é iterativa? O processo de tomada de decisão deve ser iterativo para as decisões poderem ser ajustadas com base no feedback das pessoas usuárias.
  • A metodologia é centrada nas pessoas usuárias? A metodologia deve se concentrar nas necessidades e expectativas das pessoas para garantir que o produto atenda às suas necessidades.
  • A metodologia é flexível? A metodologia deve ser flexível o suficiente para ser adaptada às necessidades específicas do produto.

Ao considerar esses fatores, consigo escolher uma metodologia que seja adequada para os objetivos e necessidades específicos.

Considerações finais

É importante lembrar que não existe uma abordagem única para tomar decisões de design. O processo mais adequado dependerá das circunstâncias específicas do seu projeto. Por isso é importante realizar esses processos de análise dos objetivos, do público, das restrições técnicas, e ter sempre alternativas para o projeto alcançar os resultados desejados.

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Sou uma profissional de Design Gráfico apaixonada pelo campo do UX/UI Design. Com mais de uma década de experiência na criação de interfaces web e apps.