Conectando design e business na prática
Como sua ou seu CEO gostaria que você priorizasse seu trabalho.

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O que me motiva a escrever é saber que alguém gostou do que leu. Então dá um aplausinho aí se você viu alguma coisa que te fez refletir um pouco sobre algo novo :)
Será que sua ou seu CEO enxerga o real valor do seu trabalho como designer? Ou melhor, será que você e seu trabalho estão alinhados com os objetivos da empresa?
É praticamente certo que você como designer consegue entender o valor do design, mas sua empresa precisa mesmo de um design system agora ou você está trabalhando nisso por que parece ser a coisa certa a se fazer, afinal só falam disso por aí?
Como designers podemos contribuir com o negócio de muitas formas, é claro, mas estamos aplicando nosso conhecimento na tarefa mais importante? Estamos resolvendo o problema certo? Você tem certeza que seu suor está posto no lugar correto?
Bom, até agora já escrevi 6 pontos de interrogação! É hora de propor algumas respostas :)
Priorizando corretamente
Por que estou fazendo isso? Qual feature devemos lançar primeiro? Qual estudo devemos fazer próxima semana? Que teste A/B deve ir pro ar?

Seu backlog de ideias/ações/features/testes/pesquisas deve ser algo parecido com uma lista infinita que não para de crescer.

Mas, o que precisamos aprender a medir é o impacto para o negócio de cada uma destas ideias e também como e quando saber dizer não para ideias que parecem ser excelentes.
Modelos de priorização
Decidir o que fazer em seguida tem relação direta com seu modelo mental. Quando fazemos algo, fazemos porque é isso é a coisa mais importante naquele momento.
O problema está no fim do dia, do mês, do trimestre, do ano, da vida. Naquela hora em que olhamos pra trás e pensamos no porquê fizemos aquilo daquele jeito ou naquela ordem.
Por exemplo, você pode priorizar coisas pensando mais ou menos assim:
Sob a ótica da jornada do usuário

Como fazer:
A jornada do usuário é mapeada e, a partir dela, a priorização é feita de forma a cumprir funções de cada etapa.
Por exemplo: "Nesta sprint, todos os esforços estarão voltados para melhorar a etapa de onboarding em nossa plataforma".
Sob a ótica da cocriação

Como fazer:
Ideias são agrupadas por afinidade gerando grupos maiores e menores. Quanto maior o grupo, maior sua importância (em teoria).
Em seguida é aplicada uma etapa de pontuação onde os presentes indicam o grau de importância de cada agrupamento. A priorização vem a partir daí.
Sob a ótica do cliente final

Esta dinâmica é muito divertida e reveladora! Exige a presença dos usuários finais ou clientes já que são eles os decisores absolutos neste caso.
Como fazer:
Cada ideia em seu backlog tem um custo monetário, por exemplo, $5. Os clientes recebe uma quantidade limitada de dinheiro fictício, por exemplo $25, e devem comprar as features que entendem ser as mais importantes.
Pessoalmente já tive a experiência frustrante, porém esclarecedora, onde ninguém comprou aquelas ideias que eu entendia serem as melhores ou mais geniais… No lugar delas, pagaram um bom dinheiro em features como "extração de relatórios" e "dashboard". É um choque de realidade maravilhoso.
Sob a ótica do custo-benefício

Posicione as tarefas em uma matriz de esforço pelo valor para o negócio. Aquelas nos quadrantes 1 e 2 devem ser executadas enquanto as no vermelho tem poucas chances de saírem do papel.
Tudo muito legal, mas agora vamos olhar isso…
Sob a ótica do CEO
CEO?
É a figura do decisor com olhar definitivo para o negócio. É a pessoa do business. Aquela que olha para a empresa sem nunca perder de vista o resultado, incluindo o financeiro, é claro.
Ah! Não caia no clichê de associar CEO à imagem "do opressor", "do antiético", "do ganancioso sem coração". No contexto deste artigo, é apenas quem sempre olha para a saúde da empresa.
Escolhi a figura do ou da CEO, mas você pode adaptá-la para sua realidade. O mais importante é ter em mente que é quem decide os caminhos do negócio.
Drivers?
Um dos papéis fundamentais de um gestor é definir claramente as direções de uma empresa. Essas direções em linguagem de gestão de produto são chamados de drivers.
Drivers são os pilares que te guiam na tomada de decisões.
Os drivers guiam uma companhia durante a tomada de decisões e são a conexão mais importante entre a visão do negócio e as de outras frentes, incluindo design. Drivers claros são fundamentais para priorizarmos melhor nossas tarefas.
Exemplos de drivers:
- Aumentar a receita recorrente
- Ter mais usuários ativos
- Diminuir o churn
- Efeito wow para nossos clientes
- Garantir fidelização a longo prazo
- Impactar positivamente a sociedade
Prioritization score
Um método de priorização alinhado ao negócio e à prova de achismos :)
1. Defina seus drivers
Eleja quais são os principais fatores para tomada de decisões na empresa, naquele momento. Faça isso junto com a ou o CEO.
2. Liste e pontue seu backlog
Liste seu backlog de ideias, ações, features, pendências, ou qualquer outra coisa que precisa ser priorizada. Cada item recebe uma pontuação em cada driver. É importante manter a escala de pontos consistente, por exemplo, de 0 à 5 ou 1 à 10.
3. Defina o esforço
Cada item da lista exige um certo grau de esforço para ser realizado. Aqui, novamente o mais importante é ser consistente com os parâmetros escolhidos para atribuição do esforço. Pode ser em horas de trabalho, quantidade de profissionais envolvidos, escala de Fibonacci, etc.
4. Faça a matemática
Perca o medo do Excel e some (ou multiplique) os pontos atribuídos a cada driver dividindo tudo pelo esforço.
Pronto! Aí está seu Prioritization Score!

E ao preencher sua tabelinha, chegará em alguma coisa parecida com isso:

Quanto maior o prioritization score, maior é a importância daquele item para a empresa.
5. Ajuste o peso de cada driver
Mas… a ordem parece estranha? Tem coisas que você sabe do fundo do seu coração que são mais importantes que outras? Provavelmente sim e aí entra os ajustes nos pesos (fator multiplicador) de cada drive.
Em princípio, todos têm pesos iguais, mas tente multiplicar por 2 ou 3 algum drive que você entende ser mais importante naquele momento.
Ajuste e ajuste até a ordem das tarefas parecerem coerentes com a direção real da companhia. Lembre-se que esse framework é uma ferramenta e deve ser moldada por você para refletir a realidade, não para forçar uma que não existe.
Agora sua tabela com os pesos ajustados:

Mantenha seus drivers em dia
E faça isso junto com quem decide.
É recomendado rever os drivers constantemente. Sempre que o foco da empresa for modificado, é possível que drivers sejam afetados.
Mas, não basta você adaptá-los sozinhos. Essa decisão afeta toda a empresa, ou seja, receba estas direções diretamente da ou do CEO.
Pode ser que no primeiro trimestre daquele ano, a empresa esteja focada em conquistar novos clientes, no trimestre seguinte o foco é melhorar a experiência de uso dos novos clientes, no terceiro todo o planejamento pode se voltar para diminuir taxas de abandono no produto (churn rate) e no último trimestre do ano o foco pode ser criar ações que gerem alto impacto na vida dos clientes.
Imprima em um cartaz bem grandão e mantenha seus drivers claros para todos os membros do time!

Assim você conseguirá defender suas decisões sobre priorização!
Espero ter ajudado um pouco :)

Este artigo expande o conteúdo que tive o prazer de apresentar durante o último Interaction Latin America 2018 que aconteceu no Rio de Janeiro nesta semana.
Aí abaixo estão os slides apresentados no ILA 2018:
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