Desenvolvendo uma cultura centrada no design
Amplifique a ação do time de Design.

Cada vez mais o design tem alcançado destaque em empresas de todos os tipos. No geral, negócios que não mantém o olhar focado no produto ou na experiencia de uso do serviço tem bastante dificuldade de prosperar e escalar. Em muitas empresas o ux designer, por exemplo, participa das decisões de negócio e ajuda na priorização de demandas. Em outras tantas as pessoas ainda não compreenderam que design está muito alem da estética . Por isso o papel ativo do design como ferramenta para construção de soluções está distante da maioria das empresas, principalmente no Brasil. Em contra ponto a esse cenário vemos muitos profissionais com dificuldade de construir uma visão centrada no usuário que de fato gere impacto e transforme a forma que o design é enxergado.
Apesar de algumas empresas venderem a ideia de serem centradas no usuário, a prática Ă© diferente. De acordo com o Don existem dois princĂpios fundamentais para se dizer centrado no usuário. O primeiro Ă© Foco nas pessoas. Para uma empresa ser realmente centrada no usuário Ă© imperativo que o usuário participe dos processos que guiem a tomada de decisĂŁo. O segundo principio Ă© Foco no problema. As vezes Ă© necessário resolver alguns sintomas, contudo Ă© imperativo que as energias e recursos sejam empregados na solução do problema principal.
Visto que o designer é o principal representante do usuário não é necessário, na verdade que essa figura seja a única a realizar um trabalho centrado no usuário. Ao contrário, mais uma vez de acordo com Don Norman e o NN Group, o grande desafio do designer hoje é se multiplicar.
Isso nĂŁo quer dizer que vocĂŞ precisa sair contratando todos os designers disponĂveis no mercado. Na verdade isso quer dizer que o seu time de design tem que ser mais efetivo e aberto, para que outras pessoas possam entender o modelo mental centrado no usuário. O design como, modelo mental, deve permear todas as areas da empresa. Assim a figura do designer passa a ser uma figura de facilitação e nĂŁo um gargalo para geração de soluções.
Para isso é necessário criar, na sua empresa, um cultura centrada no usuário. Aqui vou falar de três aspectos importantes para criar essa cultura. Não tenho a pretenção de ser determinista em relação ao que você deve ou não fazer. Cada empresa tem uma cultura corporativa e você, por ter mais contexto, vai saber como abordar esse tema. Na verdade esses três aspectos são um pontapé inicial, mais geral. Siga-os a gosto.

Coloque o usuário no centro de todos os processos
Isso pode parecer óbvio mas, mesmo sendo óbvio, nem sempre acontece. As vezes as pessoas abandonam esse principio por não saberem exatamente como fazer, outras vezes por ser muito "complicado" estar perto do usuário. Fato é que antes de você pensar, falar ou agir é imperativo que você ouça.
Como diz o NNGroup (mais uma referencia deles sĂł pra nĂŁo perder o costume) UX sem pesquisa nĂŁo Ă© UX. VocĂŞ precisa saber o que o seu usuário, realmente precisa. NĂŁo dá para dizer que vocĂŞ projeta centrado no usuário sem entender de fato suas necessidades. O usuário nĂŁo deve ser uma entidade distante e inatingĂvel.
Para construir uma cultura centrada no usuário, além de fazer o dever de casa, o designer precisa dar publicidade ao que foi feito. Chame seu amigo dev para assistir um teste de usabilidade, convide o PO para assistir uma entrevista ou compile os resultados e faça uma apresentação para todos os envolvidos na solução. Não importa muito seu método. O que importa, nesse caso, é mostrar para as pessoas o que o cliente realmente pensa. Isso faz com que as discussões sejam menos sobre opiniões e mais sobre fatos.
Construa soluções em conjunto
Soluções, grandes ideias e inovações não surgem do nada. É importante ter visões diferentes para construir algo novo e fora da caixa. O design não perde seu papel, na verdade ele é ressignificado, quando uma ideia surge de uma sala cheia de gente. O design deve ser enxergado com um modelo mental projetual que se vale de ferramentas de facilitação e tangibilização de soluções.
Ao construir soluções em conjunto nós usamos o poder de assimilar pontos de vista diferentes. Nossa missão é organizar as visões entorno do problema que queremos resolver. Sem alguém que medie as discussões elas podem se dispersar. Por isso a primeira função é direcionar para que as soluções estejam de acordo com o problema.
Além de direcionar as discussões, o designer é quem tangibiliza as ideias. Seja por meio de gráficos, diagramas, ou qualquer outro método. Ao consolidar todas as ideias em um artefato o designer entrega o valor de um produto, projeto ou serviço que unem visões.
As soluções criadas em conjunto tem mais chance de atingir os objetivos do time. A tarefa do designer é equilibrar as necessidades do usuário, as oportunidades do mercado e as possibilidades da tecnologia. Para isso é preciso ouvir todas as partes e balancear as doses.
Desapegue das suas convicções
Acredito que a humanidade, de uma forma geral, caminha para um entendimento maior do poder da colaboração. Como dito anteriormente, precisamos criar ideias em conjunto. Nesse aspecto o papel do designer é tangibilizar ideias, não ser o dono das soluções. Não podemos nos comportar como conhecedores de todas as coisas. O maior beneficio de um bom designer é a capacidade de ouvir, para além de suas convicções.
Quem se coloca como ignorante, em um determinado assunto, tem a oportunidade de crescer com o outro. Deixar de lado suas convicções para ouvir vai fazer com que voce possa chegar a soluções melhores. Afinal de contas estamos tratando de "design centrado no usuário" e nĂŁo "design centrado no designer". É imprescindĂvel aprender a abrir mĂŁo para ouvir, iterar tantas vezes quantas forem necessárias, construindo visões de curto, mĂ©dio e longo prazo.
ConclusĂŁo
Construir uma cultura centrada no design nĂŁo Ă© simples, mas se os designers desistirem dessa tarefa os produtos e serviços estarĂŁo fadados ao fracasso. Entendendo que o nosso papel Ă© espalhar o modelo mental, evangelizando pessoas de outras áreas e construir nelas uma visĂŁo crĂtica. O usuário precisa estar no centro de nossas decisões e precisamos compartilhar essa visĂŁo com os outros. Precisamos manter o foco nas pessoas e nos sistemas para resolver os problemas certos.