Designer, cuidado com a urgência em aprender e com modismos: assuma seu próprio ritmo

No mundo acelerado é fácil se sentir sobrecarregado pela quantidade de informações e conteúdos disponíveis.

Poe Bellentani
UX Collective 🇧🇷

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A imagem de um jovem em frente a um notebook. Ele tem pele clara e veste camisa vermelha e está com cara de assustado. Na sua cabeça entram diversas páginas de anotações sobrecarregando suas ideias. A mesa em sua volta, mais livros e papéis para aprender.
Muita coisa na cabeça e sempre vem mais… não se deixe levar pela urgência em aprender.

No mundo acelerado em que vivemos, é fácil se sentir sobrecarregado pela quantidade de informações e conteúdos disponíveis.

Muitas vezes, quando tentamos absorver tudo de uma vez, acabamos nos perdendo e não aprendendo nada significativamente.

Então vamos explorar a importância de aprender no seu próprio ritmo e como essa abordagem pode otimizar o processo de absorção de conhecimento.

Aprender é um processo gradual, e é preciso compreender a necessidade de respirar fundo, escolher um foco e simplificar nosso pensamento para aproveitar ao máximo as informações que recebemos.

Encontrando o equilíbrio

Imagem de um homem com cabelos e barbas longos se afogando em um mar de papéis e livros. Ele usa óculos branco e tem uma cara de desespero, com uma das mãos extendidas pedindo ajuda.
Alguém me dê uma mão…

Após participar da Config 2023 (um evento para as pessoas que trabalham com Design Digital), pude perceber (e sentir!!!) como muitas pessoas vibram com as novidades. Todas querem ficar por dentro dos assuntos mais relevantes e demonstram uma verdadeira paixão sobre tudo o que parece brilhar (confetes?) dentro de suas áreas de interesse.

A ansiedade e a angústia causada por não estar por dentro das tendências começa a surgir, tão logo as novidades passam a ser divulgadas — várias pessoas que têm a oportunidade (ou privilégio?) de acompanhar em tempo real começam a soltar seus comentários e vídeos de reações em todas as redes sociais do momento (de TikTok a LinkedIn).

Gera-se um burburinho que depois vira um coletivo de vozes querendo ser as primeiras, seguida de gente desesperada pelas novidades e de pessoas que querem ficar antenadas a qualquer preço (Cê tá louco de ficar por fora na conversa de bar ou no Telegram da comunidade?!?!).

E lá vem o FOMO, o tal medinho de se ficar de fora das novidades! Ou o medo de ser atropelado por elas!

Vários Designers que conheço começaram a demonstrar uma vontade imensa de mergulhar e aprender tudo o que se pode sobre variáveis, programação, condicionais, inteligência artificial e uma infinidade de outros tópicos simultaneamente.

Todos queriam estar “preparados para o mercado do futuro, pois o futuro é agora” (ouvi essa frase de diversas pessoas em palestras em ambientes distintos — em TED Talks, de coachs, de formadores de opinião da área de Design e até em eventos do meu trabalho).

Embora seja compreensível o desejo de absorver o máximo possível de informação, é fundamental encontrar o equilíbrio certo. Aprender um tópico de cada vez permite um entendimento mais aprofundado e uma aplicação prática mais eficiente.

Respire fundo, pois nossa mente tem uma capacidade limitada de aprender informação com qualidade. E também há limitações em como usar essas informações para que se tornem aprendizados — e a gente só aprende de verdade depois que experimenta.

Aprender é uma mistura de absorver informação com prática, é teoria mais vivência empírica — não dá pra aprender sem sujar as mãos!

O poder do foco

Um arqueiro atirando com uma flecha em um alvo. Ele atira as flechas sem olhar, pelas costas.
Foco é mirar no alvo. Só nele.

Escolher um foco é essencial para o processo de aprendizagem.

Ao direcionar nossa atenção para um tópico específico, somos capazes de explorá-lo em sua totalidade, desenvolvendo uma compreensão sólida.

Ao invés de saltar de assunto em assunto (por que preciso entender de programação e inteligências artificiais ao mesmo tempo, quando a sua área de atuação é Design ou Pesquisa?), recomenda-se escolher uma área de interesse e dedicar um tempo adequado para absorver e praticar o conhecimento relacionado a ela.

Dica de leitura 📖

Uma ótima leitura sobre esse assunto é o livro “Trabalho focado: como ter sucesso em um mundo distraído” de Cal Newport, que explora estratégias para manter o foco e maximizar a produtividade.

O valor da simplicidade

Um campo amarelo de trigo com uma árvore solitária e uma pessoa ao longe passando por debaixo da árvore.
Às vezes precisamos apenas de uma coisa em um mar de opções… ou coisa alguma.

Em um mundo cheio de informações complexas, simplificar nosso pensamento pode ser a chave para um aprendizado mais eficiente.

Ao desmembrar um tópico em conceitos menores e compreensíveis, tornamos o processo de absorção mais acessível.

Além disso, ao simplificar nosso pensamento, evitamos sobrecarregar nossa mente com informações desnecessárias, permitindo que nos concentremos no que realmente importa.

Dica de leitura 📖

Uma referência interessante sobre simplificação de ideias é o livro “Ideias que colam: por que algumas ideias pegam e outras não” de Chip Heath e Dan Heath, que explora estratégias para comunicar de forma clara e memorável. Algumas coisas lá te ajudam a tirar a essencia das coisas!!!

Aprender com paciência

Uma tartaruga velha ensinando outra tartaruga mais jovem a comer. O desenho é humaniado e as duas tartarugas tem braços e pernas como humanos. A tartaruga mais velha usa uma bandana vermelha e a mais nova uma roxa. Ambas estão felizes e sorrindo, sentadas em posição de meditação.
Paciência. Você não aprendeu a comer em um dia… e nem em uma semana. Só não se lembra disso!

Em nossa jornada de aprendizado, é crucial lembrar que o processo de transformar informações em conhecimento é gradual. Não podemos apressar as coisas.

Todos estamos constantemente aprendendo e aprimorando nossas habilidades.

Portanto, é importante não nos compararmos com outras pessoas e aceitarmos que cada um tem seu próprio ritmo.

A pressa pode levar a erros e impedir o verdadeiro entendimento. Devemos permitir que o tempo faça seu papel, praticando, errando, corrigindo e absorvendo informações gradualmente.

Dica de leitura 📖

O livro “Mindset: A nova psicologia do sucesso” de Carol S. Dweck aborda a importância de adotar uma mentalidade de crescimento e paciência no processo de aprendizagem.

Exemplo de processo de aprendizado

Costumo usar um processo similar no meu dia-a-dia, então segue uma ideia para vocês seguirem como exemplo:

  • Escolha ou crie um pequeno projeto pessoal;
  • Dentro dele, crie desafios que você precisa resolver;
  • Pense em uma ideia simples e crie um plano em formato de rabiscos;
  • Depois do rascunho no papel faça ainda uma outra simplificação;
  • Crie um pequeno plano de ação em uma lista (bullet points);
  • Deixe o trabalho mais focado possível e comece a estudar sobre o assunto (pode ser Inteligência Artificial, por exemplo);
  • Tente então resolver o problema proposto inicialmente ou melhorar o resultado através do conhecimento adquirido;
  • Resolva apenas os problemas propostos, se sobrar tempo pode se aprofundar no tema e aprender novas coisas.

Tenho alguns projetos que ficam só no meu computador e tenho outros que saíram pra vida real:

Ah, e olha só, todas as imagens aqui foram feitas com ajuda da IA de geração de imagens DALL-E! Viu, até em um texto sobre aprender a gente prática e aprende.

Nos três primeiros exemplos gerei impacto positivo para minha carreira e também na vida de pessoas: aprendi, dividi o que eu sabia e ainda evoluí conhecimentos que já possuía.

No último, ainda não sei, mas foi legal!

Uma tartaruga e uma lebre disputando corrida. A tartaruga em vermelho e a lebre em verde, com um cenário de tempestade amarela ao fundo.
Nem sempre mais rápido é melhor. Na realidade, em aprendizado, nunca é!

No mundo acelerado da tecnologia e da informação, é fundamental aprender no seu próprio ritmo.

Devemos resistir à tentação de querer abraçar tudo de uma só vez.

Ao escolher um foco, simplificar nosso pensamento e dedicar tempo para aprofundar nossos conhecimentos, construiremos uma base sólida de aprendizado.

Lembre-se de que existem recursos valiosos disponíveis, como os livros mencionados acima (e todo o tipo de material que a comunidade de Design acaba gerando — o Figma mesmo tem um monte de coisa maravilhosa).

Todos esses materiais podem fornecer insights adicionais sobre estratégias de aprendizagem eficazes.

Aprender de forma consistente e paciente é a chave para o sucesso duradouro, por isso, respire fundo e mantenha a calma — lembre-se da história da Lebre e da Tartaruga.

Respire fundo!

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Sou um viciado em interfaces, curioso pela humanidade, com aspirações literárias e interesse pela música. Tento ser mais que geek, mas não sou totalmente nerd.