Discovery vs. Experimentação

E porque não tenho mais a palavra "discovery" no meu vocabulário como líder de produto.

Paulo Floriano
UX Collective 🇧🇷

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Imagem do fundo do mar, com pés de um mergulhador flutuando no centro e um capacete antigo de mergulho vazio no canto direito da tela.

É normal. Chega um momento em que conceitos ganham múltiplas definições e em que se foca mais na receita de bolo do que no porquê de se estar fazendo o que se está fazendo.

Pra mim isso aconteceu com o conceito de discovery, de certa forma. Eu acho que existe um foco tão grande no processo que se esqueceu um pouco do propósito e do objetivo desse conjunto de métodos. Isso faz com que tenha gente amando e odiando discovery, divergindo enormemente sobre tempos e prazos — e até falando em pré e pós-discovery 😳.

O mercado esqueceu que discovery tem a ver com dar mais clareza para o que se pretende executar — e se realmente faz sentido executar o que está planejado. Aprender rapidamente e construir com mais segurança.

Eu prefiro simplificar. Se no meu time usar determinado termo vai dificultar o entendimento, porque existem vários conceitos e crenças na cabeça de cada um, prefiro sair dessa. Na Revelo, estamos procurando fugir do termo discovery e preferindo usar termos mais objetivos, como pesquisa (no caso de um processo mais exploratório ou generativo) e experimentação (no caso de um processo de aprendizado mais baseado no processo científico para validação de hipóteses pré-existentes.

Tem funcionado muito bem, obrigado. Inclusive pra definirmos o que é importante para que o time chegue nos aprendizados necessários. Por exemplo, não utilizamos protótipos para validações no início do projeto — preferimos usar métodos que tragam respostas mais objetivas e precisas.

Mas sobre o que estou falando mesmo?

É sempre bom refrescar a memória sobre o que quero dizer quando falo de experimentação: basicamente estou falando sobre a aplicação do método científico para validação de hipóteses. Este vídeo absolutamente incrível feito em uma aula do físico Richard Feynman explica (em inglês).

Por que o foco em experimentar?

Todo desenvolvimento de produto (ou feature ou serviço digital) é um processo cheio de riscos e incertezas. Como CPO, boa parte do meu trabalho é garantir que os times (não apenas de produto, mas os times que acabam derivando o trabalho a partir do direcionamento de produto, como tecnologia, design, growth, etc.) estão trabalhando nas coisas que tem o maior potencial possível de geração de valor para o negócio. E diante dessa responsabilidade, trabalhar baseando decisões em fé ou otimismo é algo completamente ilógico.

Experimentar significa atuar de maneira estruturada e objetiva — algo que para um processo de discovery é menos importante . Mas significa também reconhecer e incorporar as incertezas — que são inerentes às nossa ideias e projetos — ao nosso processo de trabalho. Significa trabalhar tentando ficar mais próximo da criação de valor real para o negócio. Significa eliminar riscos de uma implementação, algumas vezes sem uma linha de código.

Significa, principalmente, entender que um produto é um sistema dinâmico e complexo — e não um conjunto de features que times vão empilhando ao longo de cada trimestre com base em ideias aleatórias vindo de todos os lados e condensadas por PMs e designers.

Experimentar significa saber o que se quer aprender. E isso faz toda a diferença.

Se quiser saber mais sobre processos de experimentação — que venho aprimorando ao longo de quase uma década, me manda mensagem no pfloriano[at]gmail.com.

Referências

O UX Collective doa US$1 para cada artigo publicado na nossa plataforma. Esse artigo contribuiu para a World-Class Designer School: uma escola de design gratuita de nível universitário, com foco em preparar designers africanos jovens e talentosos para o mercado de produtos digitais local e internacional. Construa a comunidade de design na qual você acredita.

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