Ensinar, praticar e perguntar
E como vi e vejo isso no Design.

Há alguns dias, assisti um vídeo de Mario Sergio Cortella em que ele discorre sobre uma frase do historiador Beda e que diz:
“Há três caminhos para o fracasso: não ensinar o que se sabe, não praticar o que se ensina, e não perguntar o que se ignora”
Essa frase ressoou muito comigo e com minha trajetória como designer até aqui. Depois que assisti o vídeo, trouxe essa frase para minha realidade, e como isso impacta o que faço…
A história do taxista
Cortella começa sua narrativa contando a história de um taxista, que pega uma passageira que o pede para que a leve para o aeroporto. No caminho, a mulher nota que o taxista não trocou uma palavra com ela, durante um longo trajeto do percurso até o aeroporto e se questiona o motivo, pensando que pudesse ter sido rude com o rapaz, e então ela o toca no ombro.
Ao ser tocado, o homem se assusta, freia repentinamente, e encosta o carro. A moça diz “Desculpe, não queria assustá-lo” e então ele responde “é que comecei hoje como taxista e a senhora é minha primeira passageira. Antes disso, trabalhei 20 anos como motorista de funerária”.

Essa história nos mostra, com humor, como entender o próximo diante das situações da vida é importante e porque, mesmo tendo experiência em determinado assunto, é valioso também considerar e entender o novo.
Levando isso para Design
Depois da história, Cortella cita três pontos, que vejo como essenciais para crescimento, de forma geral, seja profissional ou pessoal, que são:
1. Generosidade Mental, ou seja, ensinar o que sabe
2. Coerência Ética, ou seja, praticar o que se ensina
3. Humildade Intelectual, ou seja, perguntar o que se ignora
Como design tem sido muito presente na minha vida, desenhei paralelos entre esses três pontos e minha trajetória até aqui.
Generosidade Mental
De que adianta fazermos cursos e mais cursos se não repassamos nosso conhecimento? Essa é uma pergunta que me faço desde comecei a aprender sobre heurísticas, conceitos e melhores práticas e é essencial no meu crescimento. Vejo cada vez mais e com muita positividade, na área de design, especialmente no Brasil, pessoas experientes oferecendo cursos introdutórios em design e suas diversas especializações, seja de marcas, experiência do usuário ou design gráfico.
Não é segredo que essa área por aqui ainda é vista como algo para a elite e ensinar design democratiza conhecimento e permite que novas visões sejam criadas a partir de diferentes experiências. Além do mais, ensinar por qualquer método que seja, também nos ajuda a aprender e reforçar diversos conceitos.

Coerência Ética
A parte que mais gosto dos cursos que fiz foi poder aplicar o que aprendi. Seja num projeto fictício ou numa postagem nas redes sociais, demonstrar meus conhecimentos fixou muito aquilo em minha mente. Pesquisei teorias, analisei diversos projetos de colegas de profissão e pratiquei construindo sites que já conhecia, observando suas estruturas.
Todo esse estudo não foi em vão e tive a oportunidade de repassar esses conhecimentos nos meus projetos, para que outros designers possam utilizá-los como base e também nas postagens, interagindo e criando conexões com outras pessoas do meio.
No início foi difícil encontrar minha voz e eu tinha muitas dúvidas sobre o que falar, como repassar a mensagem e se aquilo que estava falando era certo, mas acredito que não é sobre ser perfeito e sim alcançar as pessoas e gerar conexões através do conhecimento.
Humildade Intelectual

“Cantar (E cantar e cantar…) a beleza de ser um eterno aprendiz”. — trecho da música “O que é, O que é?” de Gonzaguinha.
Por mais que saibamos e tenhamos propriedade naquilo que fazemos, é sempre importante considerar que novas perspectivas sempre serão construídas, e para o Design, uma área que sempre se reinventa, aprender sempre é algo imprescindível.
Comecei estudando experiência do usuário através de estudos em front-end, quando ainda nem sabia direito o que era HTML e CSS ou sequer a diferença entre Java e Javascript, mas ao longo dos meus estudos, fui me permitindo conhecer outras áreas além do que era meu objetivo e aprendi a observar e entender sistemas utilizando novos olhares, sempre com a ajuda de diversas pessoas que já atuavam na área e que me direcionaram ao caminho que eu queria seguir.
Como tudo se encaixa
Mesmo com um mercado aquecido e muitos nomes conhecidos por aí, acredite, experiência de usuário e design ainda são e serão cada vez mais essenciais na realidade dos ambientes virtuais.
Repassar esse conhecimento é algo que muitos de nós fazemos e, mesmo que você não repasse, não fique só na teoria, nos livros e nos cursos. Pratique nem que seja para você e tente aplicar, do seu jeito, aquilo que você viu naquele vídeo ou naquele reels.
Para mim o mais interessante, por ser uma área muito ligada atualmente ao meio digital, é que sempre surgirão novidades, perspectivas diferentes e diversas formas de alcançar um bom resultado.