Her story
As mulheres que influenciaram o design.

Na história do design, as contribuições das mulheres são frequentemente ignoradas, não por falta de realizações, mas porque a cultura da disciplina silencia suas vozes e limita seu reconhecimento.
Muitas vezes, o status quo se mantém porque permitimos que isso aconteça. Para mim, design vai muito além da estética, usabilidade ou experiencia do usuário: é uma ferramenta poderosa para desafiar paradigmas e impulsionar mudanças significativas na sociedade.
Design é política, pois busca transformar a sociedade. Por isso, é essencial ir além das práticas profissionais e discutir questões sociais e culturais. Como disciplina humanista, feita por e para pessoas, devemos valorizar as contribuições femininas no design.
Embora muitas mulheres tenham feito contribuições importantes para o design, neste artigo, limito-me àquelas cujos trabalhos li ou cujas contribuições influenciaram minha maneira de pensar e atuar no design, ou impactaram a sociedade de forma mais ampla.
Her story, uma história contada por elas
A primeira vez que ouvi a abordagem ou a palavra her story foi ao ouvir Zenaide Silva. Segundo Silva “Her Story”, uma proposta para recontar a história a partir da perspectiva da mãe, rompendo com narrativas tradicionalmente centradas no masculino.
Não existe uma definição exata e universal da palavra “Her story”, mas as professoras Inga Kuźma e Edyta Pietrzak apresentam uma definição etimológica que considero pertinente, a qual diz o seguinte:
Her story é um neologismo cunhado como um trocadilho com a palavra “história”, como parte de uma crítica das mulheres à historiografia convencional, que, na opinião dessas críticas, é tradicionalmente escrita como “his story”, do ponto de vista masculino. (A palavra “história” — do grego antigo ἱστορία, ou historia, significando “conhecimento obtido por investigação” não possui relação etimológica com o pronome possessivo “his”.)
Ao analisarmos o design, é notável a sub-representação feminina na disciplina, um fato que persiste apesar das incontáveis contribuições das mulheres para o avanço de produtos interativos e da tecnologia.
Por que isso acontece? A tendência de silenciar determinadas vozes está enraizada na cultura de disciplinas predominantemente compostas por homens. Esse comportamento também se reflete na comunidade de design e tecnologia no Brasil, onde a maioria dos grandes eventos conta, em sua maioria, com convidados masculinos. Basta observar eventos como ILA, Agile Brasil, TDC, Frontin Sampa, WordCamp, entre outros).
As mudanças que buscamos na sociedade não serão orgânicas, alguém precisa fazer alguma coisa. Há 7 anos quando criamos UX Café que foi o maior meetup de UX do Brasil, deixamos muito claro desde o início que o evento deveria ser inclusivo para romper o padrão. A gente sempre garantiu a presença de convidadas, evitando a reprodução dos mesmos vieses.
Quando olho para a minha evolução profissional, vejo que fui influenciado por diversas pessoas. Apoiei-me nas visões e pensamentos de muitas pessoas para obter um entendimento holístico da nossa disciplina.
Essa multiplicidade de perspectivas foi fundamental para que eu percebesse, já no início da minha trajetória no design gráfico, que minhas referências eram predominantemente brancas. Assim, iniciei uma busca ativa por referências negras, que mais tarde me levaria a escrever o artigo Onde estão nossas referências negras em Design? com meu amigo Waguin
Minha preocupação com a diversidade se estende também à forma como lidero equipes de design. Seja no Itaú, Evolium, Hotmart, Sicredi ou em outros lugares, sempre priorizei a contratação de profissionais femininas para equilibrar a equipe.
A necessidade de ter equipes diversas já foi debatida exaustivamente, mas, mesmo assim, continuamos no mesmo estágio. Quando os produtos que projetamos são usados por milhões ou bilhões de pessoas, é crucial contar com uma equipe diversa, capaz de representar múltiplas visões, a fim de evitarmos vieses.
Esta lista não é exaustiva e não representa todas as mulheres que me influenciaram. Talvez eu tenha esquecido de mencionar outros nomes importantes. As pessoas mencionadas estão organizadas em ordem alfabética, e não por grau de relevância.
Anicia Peters
É professora com PhD em HCI/Ciência da Computação, pesquisadora e educadora, além de ser uma pioneira da HCI na África. Atualmente, é CEO da Comissão Nacional de Pesquisa, Ciência e Tecnologia da Namíbia. Conheci seu trabalho em um período em que comecei a buscar africanos — não apenas pessoas negras — que atuam em HCI/Interaction Design em África ou que tenham estudado essa disciplina até o nível doutoral. A professora Anicia foi o nome que encontrei na época, e ela se destaca tanto na academia quanto no mercado.
Suas pesquisas abrangem interaction design, ética, inclusão digital, decolonização da tecnologia, sustentabilidade e inteligência artificial. Ela foi responsável por estabelecer os capítulos profissionais da ACM e SIGCHI na Namíbia e, este ano, foi reconhecida como ACM Fellow e Distinguished Member por suas contribuições à SIGCHI.
Quando estava me organizando para participar do CHI24, ela gentilmente se disponibilizou a me orientar nesse processo.
Angela Sanguinetti
É professora com PhD em Design comportamental, pesquisadora na Universidade da Califórnia, com foco em HCI e Interaction Design. Grande parte do que sei sobre design para redução de energia, eco-driving e design comportamental aplicado a interfaces automotivas, aprendi lendo seus trabalhos. Ela fez contribuições importantes para o avanço do design voltado à sustentabilidade e à mudança comportamental no setor automotivo.
Amyris Fernandez
É professora com PhD em Comunicação Social com foco em HCI. Para quem vive no Brasil e trabalha com design de produtos digitais, UX ou HCI, a professora Amyris dispensa apresentações. Ela foi presidente do IXDA São Paulo entre 2009 e 2012 e fez contribuições importantes para a divulgação da disciplina no país. Além disso, possui uma rica bagagem em design de produtos interativos e design estratégico. Sua experiência abrange diversas áreas, como pesquisa, arquitetura da informação, usabilidade, interaction design, planejamento e gestão de projetos de design, entre outras.
Já tive a oportunidade de compartilhar o palco com ela em eventos da comunidade de design, e é uma profissional por quem tenho grande admiração. Há quatro anos, Amyris me convidou para ser professor no MBA da FIAP, onde lecionei diversas disciplinas, e também na Digital House. Ela confiou no meu conhecimento e me proporcionou essas oportunidades.
Andressa Nozue
Uma profissional de alto nível, com uma vasta experiência em design de produtos digitais. Ao longo de sua carreira, passou por grandes agências de design, como RG/A e Huge. Tivemos a oportunidade de trabalhar juntos na McKinsey, e sempre me impressionou sua capacidade de enxergar problemas de negócio sob a ótica do design, trazendo soluções criativas e eficazes. Sua experiência abrange desde a pesquisa e concepção de produtos digitais até a liderança de equipes de produto, sempre com uma abordagem estratégica e centrada no usuário.
Brenda Laurel
É professora com PhD em HCI, pesquisadora, autora e consultora. Para quem estuda UX, Brenda dispensa apresentações. Ela foi a primeira pessoa a mencionar o termo User Experience (UX) em um livro de design ou HCI. Embora a criação do termo seja amplamente atribuída a Don Norman, foi Brenda quem o formalizou em publicações acadêmicas.
Professora Brenda fez contribuições significativas para as áreas de User Experience, HCI e design de produtos interativos. Seu livro Design Research foi fundamental para minha compreensão sobre como a pesquisa pode ser usada para construir produtos interativos melhores através da pesquisa.
Cecilia Henriques, Elizete Ignácio e Denise Pilar
São pesquisadoras, professoras e profissionais com uma longa trajetória em pesquisa em design. Elas escreveram o livro “UX Research com Sotaque Brasileiro”, um almanaque que explora a pesquisa com usuários a partir de uma perspectiva brasileira, sem o academicismo que muitas vezes torna o tema complexo para iniciantes. Essa obra é uma contribuição fundamental para a área de UX no Brasil, que historicamente importou abordagens de outros países.
Cheryl D. Miller
Designer, mestre em design gráfico e historiadora da área de design, foi uma das pioneiras na discussão sobre a representatividade negra no design. Quando iniciei minha busca por referências negras na área, seu trabalho foi fundamental. Ela começou a questionar essa ausência há mais de 30 anos e, em 1987, publicou o notório artigo na revista Print, “Black Designers: Missing in Action” (“Designers negros: perdidos em ação”), trazendo à tona um debate crucial sobre diversidade no design. Além de sua atuação acadêmica, Cheryl Miller também deixou sua marca no design gráfico. Ela foi a responsável pelo pôster oficial da NASA para celebrar a primeira mulher negra a ir ao espaço, consolidando seu impacto tanto na comunicação visual quanto na luta por maior representatividade na profissão.
Carla De Bona
É professora, designer, pesquisadora, programadora e mestre em comunicação. Conheci Carla pela web e, mais tarde, tive a oportunidade de tê-la como instrutora de Design Sprint. Pelo que me lembro, ela foi uma das primeiras pessoas a ensinar essa metodologia em São Paulo. Além de sua atuação no design e na tecnologia, Carla é cofundadora da Reprograma, uma iniciativa de impacto social que busca reduzir o gap de gênero no setor de tecnologia por meio da educação, ampliando oportunidades para mulheres na área.
Cecilia Baranauskas
É professora com PhD em Ciência da Computação e pesquisadora na UNICAMP. Seu trabalho teve um impacto significativo no avanço da área de Interação Humano-Computador (IHC), acessibilidade e design de interação no Brasil, com vários artigos publicados nessa área. Seus estudos foram fundamentais para minha formação. Em especial, seu artigo Design — Indicating Through Signs apresenta uma perspectiva inovadora sobre o design de produtos interativos, ampliando a compreensão sobre como a comunicação e a semiótica podem influenciar a experiência do usuário.
Cristiane Ellwanger
É professora com PhD em Design, pesquisadora e uma figura importante no cenário do design de interação, HCI e experiência do usuário no Brasil. Com uma carreira sólida na academia, Cristiane tem contribuído significativamente para a evolução do campo no Brasil. Já tivemos longas conversas sobre Design e UX, e sua tese de doutorado serviu como inspiração durante a minha pós-graduação em Experience Design. Cristiane tem compartilhado seus conhecimentos em diversos eventos e publicações científicas.
Clarisse Souza
É professora com PhD em Linguística Aplicada e tem uma longa trajetória na área de HCI, sendo pioneira no estudo da semiótica no contexto da comunicação mediada por computador. Ela foi agraciada com o prêmio ACM SIGCHI CHI Academy. A primeira vez que vi o nome dela foi em uma citação de Don Norman no artigo Design as Communication. Através de seus artigos, compreendi que apenas as affordances não são suficientes, embora sejam importantes. Recentemente, voltei a revisitar os conceitos de Engenharia Semiótica em minhas pesquisas, que envolvem design de interface para eficiência energética.
Carine Lallemand
É professora com PhD em Ergonomia, designer, pesquisadora e autora. Ela é uma referência na comunidade europeia de UX, sendo amplamente citada tanto na academia quanto no mercado. Com uma longa trajetória em UX Design, Ergonomia e Usabilidade, foi vice-presidente da Flupa (France-UXPA). Seu trabalho foi fundamental quando comecei a estudar a relação hedônica entre pessoas e artefatos de design. Foi a partir de seus estudos que escrevi o artigo “Avaliando a atratividade de um produto interativo, além da usabilidade”, apresentado no Interaction Latin America 18. Muitas das técnicas de Guerrilha UX que conheço aprendi em seu livro Méthodes de design UX, que considero uma bíblia de técnicas de pesquisa.
Carolina Leslie (Carol Leslie) & Ana Coli
São designers de produtos digitais, empreendedoras e figuras emblemáticas no design de produtos e sistemas interativos no Brasil. Elas fundaram o extinto estúdio de design Sabai+ e são responsáveis por liderar a iniciativa Panorama UX, uma pesquisa fundamental que mapeia a evolução da profissão de designers de produtos digitais no contexto brasileiro. Conheci pessoalmente Carol Leslie quando ela me entrevistou para trabalhar na Sabai+ e me ofereceu uma oportunidade para atuar como Senior Interaction Designer. Quase trabalhamos juntos na McKinsey, mas, enquanto eu estava de saída, ela estava chegando. Já Ana Coli conheci pessoalmente no Interaction Latin America (ILA) Rio 2018.
Ellen Lupton
É professora, designer, educadora, curadora e escritora, sendo uma das vozes mais influentes no design gráfico e na tipografia. Em 2007, foi agraciada com a AIGA Medal, um dos maiores reconhecimentos na área do design. Seu trabalho no campo da tipografia é extremamente relevante, e seu livro Pensar com Tipos é um clássico indispensável para designers. Além disso, Type on Screen foi fundamental para que eu compreendesse como a tipografia funciona em telas, sendo uma obra essencial para quem trabalha com design de produtos e sistemas interativos. Usei bastante esse livro quando escrevia meu livro sobre sistemas de design. Ellen Lupton democratizou o ensino do design, tornando conceitos complexos acessíveis a um público mais amplo e impactando gerações de designers.
Erin Malone
É professora, mestre em design, designer, autora, pesquisadora e historiadora na área de design de interação. Ela escreveu os livros Designing Social Interfaces e In Through the Side Door: Fifty Years of Women in Interaction Design. Seu trabalho como historiadora da nossa área foi essencial para minha compreensão da evolução do Interaction Design e serviu como base para minha própria pesquisa ao escrever sobre sistemas de design. Sua capacidade de conectar passado e presente com precisão e profundidade é admirável.
Erika Hall
É designer, pesquisadora e escritora, com uma carreira consolidada no campo do design de produtos digitais e pesquisa com usuários. É cofundadora da Mule Design, uma renomada consultoria de design, e autora de Just Enough Research, um livro essencial que desmistifica a pesquisa no design e ensina como aplicar métodos eficazes mesmo com poucos recursos. Seu trabalho ajudou-me a incorporar o pragmatismo na maneira pela qual faço user research. Além disso, seu livro Conversational Design influenciou minha visão sobre como projetar interações mais naturais e eficientes. Erika Hall também é uma voz crítica na comunidade de design de experiência, levantando discussões importantes sobre ética, estratégia e a importância de decisões baseadas em evidências.
Effie Law
É professora com PhD em HCI/Ciência da Computação e pesquisadora na Durham University. Me deparei com seu nome durante a graduação quando fazia pesquisa sobre qualidade de software em sistemas computacionais. Seu trabalho foi muito importante para mim numa perspectiva prática, me permitiu entender como construir softwares melhores com foco no usuário. Através das suas aulas abertas sobre usabilidade e dos seus artigos acadêmicos sobre métodos de avaliação da experiência do usuário aprendi como escolher bons métodos para avaliação de experiência do usuário em projetos de design. Seu trabalho sobre o escopo do UX com a professora Virpi Roto e outros pesquisadores foi importante para o meu entendimento dos conceitos da experiência do usuário.
Elizabeth “Dori” Tunstall
Ela é professora com PhD em Antropologia, pesquisadora, educadora e escritora. Foi reitora da Faculdade de Design da OCAD University e a primeira mulher negra a ocupar esse cargo em uma faculdade de design. Seu trabalho sobre “Decolonizing Design” é fundamental para compreendermos como as visões colonialistas e ocidentais influenciam o design e as tecnologias modernas, oferecendo uma perspectiva crítica sobre o impacto dessas influências nas práticas de design contemporâneas.
Gillian Crampton Smith
É professora na área de Design de Interação e HCI, designer e pesquisadora, foi agraciada com o ACM SIGCHI 2014 Lifetime Achievement pela sua contribuição à disciplina. Ela é uma figura fundamental na evolução da IxD. A professora Gillian foi uma das primeiras pesquisadoras a destacar a importância de considerar o comportamento humano e as interações sociais ao projetar sistemas e interfaces. Além disso, ela também trouxe o visual design para o design de sistemas interativos. Foi ainda fundadora do Interaction Design Institute Ivrea (IDII), na Itália, instituição que desempenhou um papel crucial na formação de designers de interação ao redor do mundo.
Lu Terceiro
É designer, educadora e pesquisadora, com dois mestrados em Tecnologia e Antropologia. Dispensa apresentações — se você mora em São Paulo e trabalha com design, provavelmente já a conhece ou a viu em eventos da comunidade. Ela é uma figura importante no cenário de design de produtos e sistemas interativos no Brasil, tendo começado a trabalhar com isso desde 1998. Possui uma longa experiência em design de experiência, arquitetura da informação, design de interação e user research. Além disso, liderou o IxDA SP durante vários anos e colaborou com diversas empresas, como UOL, Zettle e outras. Atualmente, desenvolve pesquisa de nível doutoral na Universidade de Uppsala, na Suécia.
Jodi Forlizzi
É professora com PhD em Interaction Design, designer e pesquisadora, pioneira na área de User Experience e referência mundial no assunto. Sua visão enquanto designer abrange desde UI até AI. A professora Jodi é amplamente citada tanto na academia quanto no mercado. Ela foi uma das primeiras a defender a necessidade de incorporar o Experience Design dentro do Interaction Design, ideia que desenvolveu em sua tese Designing for Experience. Seu trabalho me ajudou a compreender que o design centrado no usuário, por si só, não é suficiente para projetar sistemas interativos modernos.
Jenny Preece, Helen Sharp e Yvonne Rogers
São professoras com PhDs em Ciência da Computação e pesquisadoras com uma longuíssima trajetória na área de HCI/IxD. O trabalho delas foi fundamental para pavimentar o que hoje conhecemos como Interaction Design. Elas são, sem dúvida, algumas das mulheres que influenciaram uma geração inteira de designers de interação, principalmente através do livro Design de Interação, além de suas contribuições para a interação humano-computador. O livro foi traduzido para mais de 10 idiomas e se tornou um clássico. Se você trabalha nas áreas de UX, HCI ou IxD e nunca leu esse livro, provavelmente está estudando de maneira inadequada.
O trabalho da professora Yvonne Rogers sobre cognição distribuída tem sido valioso nas minhas pesquisas sobre a redução de energia em navios.
Izabela de Fátima
É pesquisadora com formação em jornalismo e uma trajetória sólida em pesquisa para produtos, serviços digitais e User Experience. Embora eu não tenha tido contato direto com ela, seu trabalho no Movimento UX teve um papel crucial na disseminação do conhecimento sobre UX Design, tanto no Brasil quanto em países de língua portuguesa.
Jane Fulton Suri
É designer, pesquisadora e uma das principais referências no design centrado no ser humano. Existem designers industriais e existe Jane Fulton — ela é incrível. Como Chief Creative Director na IDEO, desempenhou um papel fundamental na difusão do design thinking, trazendo uma perspectiva empática e observacional para o processo de criação. Seu livro Thoughtless Acts? me ajudou a perceber como pequenos comportamentos cotidianos podem inspirar soluções de design mais eficazes. Ela também aparece no filme Objectified e trabalhou com Bill Moggridge, a pessoa que cunhou o termo Interaction Design.
Jina Anne
É Mestre em belas artes, designer e pesquisadora, reconhecida por sua contribuição inovadora ao campo do design, especialmente pelo desenvolvimento do conceito de Design Tokens, que hoje é amplamente utilizado em sistemas de design. Seu trabalho foi fundamental para padronizar e simplificar a implementação de design em diferentes plataformas, promovendo consistência e escalabilidade. Jina tem sido uma referência para muitos profissionais da área, ajudando a transformar como abordamos o design de interfaces. Ela também compartilha seus conhecimentos em diversas conferências e publicações, influenciando uma nova geração de designers.
Jane Vita
É mestre em Web Design, designer, pesquisadora e possui uma longa carreira em design de produtos e sistemas interativos. É uma figura importante no design digital brasileiro, especialmente em Curitiba e Recife. Jane tem experiência em diversos campos de design, incluindo Comunicação Visual, Estratégia Digital, Design de Serviços, Inovação e Experiência do Cliente (CX). Enquanto eu escrevia este artigo, lembrei que usei bastante seus slides sobre Mobile Design em uma época em que não havia tantos conteúdos sobre Mobile UI Design.
Karen Santos, Aline Santos, Germanna Rosa
Lideraram o UX para Minas Pretas, uma iniciativa social que buscou aumentar a inclusão de mulheres pretas na área de design e tecnologia. O trabalho delas foi essencial para transformar o cenário, criando oportunidades, promovendo capacitação e ampliando o acesso dessas mulheres a carreiras que, por muito tempo, foram pouco acessíveis a elas. A iniciativa não apenas impactou diretamente muitas profissionais, mas também ajudou a trazer mais consciência sobre a importância da equidade no setor. Tive a oportunidade de contribuir com a iniciativa em 2019, quando fui convidado pela Karen Santos para dar uma aula sobre design centrado no usuário no escritório da Sympla. Foi uma experiência muito enriquecedora, onde pude compartilhar como aplico o design no meu dia a dia e as abordagens que sigo.
Laura Klein
É designer, pesquisadora, educadora e autora de vários livros sobre UX Design e desenvolvimento de produtos digitais. Quando o Lean Startup começou a se popularizar, foi uma das primeiras a trazer uma abordagem de design para esse modelo. Seu livro UX for Lean Startups apresenta estratégias para integrar UX ao desenvolvimento ágil, e suas ideias foram essenciais na concepção da minha startup, Invester. Além disso, seu artigo Good Enough, publicado em 2016, teve um impacto significativo na minha trajetória empreendedora.
Lucy Suchman
É professora com PhD em HCI, pioneira na área de IHC, referência em inteligência artificial e ciência cognitiva aplicada a sistemas computacionais. Lucy foi pesquisadora na Xerox PARC e foi agraciada com o ACM SIGCHI Lifetime Research Award por sua contribuição significativa à nossa área. Quando li sua tese, há quase 10 anos, foi uma experiência reveladora. Através dessa leitura, conheci o conceito de situated action, que é uma abordagem fundamental na construção de produtos interativos, incluindo aqueles que envolvem inteligência artificial.
Paula Scher
É designer gráfica, diretora de arte e uma das figuras mais influentes do design gráfico contemporâneo. Como sócia da Pentagram desde 1991, criou identidades visuais icônicas para marcas, instituições culturais e cidades. Seu trabalho combina tipografia ousada e um olhar estratégico para branding. Em 2013, foi agraciada com a AIGA Medal, reconhecendo sua contribuição ao design gráfico. Seu livro Make It Bigger ajudou-me a entender a importância do pensamento estratégico no design visual, além de reforçar como a tipografia pode ser uma ferramenta poderosa na comunicação visual. Sou fã da Paula.
Susanne Bødker
É professora com PhD em Ciência da Computação, designer e pesquisadora na área de design de interface e HCI (Interação Humano-Computador). Seu trabalho pavimentou o que conhecemos hoje como design participativo, e ela é pioneira na introdução da teoria da atividade na interação humano-computador e no trabalho colaborativo mediado por computador (CSCW). Em 2008, foi agraciada com o prêmio ACM SIGCHI Contribution to the Field of Communication Design, e em 2010, recebeu o ACM SIGCHI Lifetime Research Award. Li a tese de doutorado dela duas vezes, pois é realmente incrível e me ensinou muito sobre design de interface e como projetar sistemas interativos alinhados às atividades das pessoas. A Professora Susanne Bødker é amplamente citada tanto na academia quanto no mercado, e sou fã do seu trabalho. Suas contribuições foram fundamentais para a evolução da nossa área.
Sarah Darby
É professora com PhD em eficiência energética e pioneira na área de consumo consciente de energia, pavimentando o caminho para o que viria a ser conhecido como eco-feedback e energy feedback. A professora Darby é amplamente citada na academia, especialmente na área de IHC para sustentabilidade, e também tem impacto significativo no mercado. Seu trabalho influenciou profundamente como projeto de interfaces para a redução do consumo de energia, e recorro a suas pesquisas constantemente em meus estudos.
Saran Diakite Kaba
É professora, mestre em Design de Industrial, designer, pesquisadora, consultora e líder. A professora Saran tem uma longa carreira em design industrial, HMI (Human-Machine Interaction) e design de interação, com um forte foco na criação de soluções inovadoras e centradas no ser humano. Ela liderou o design de experiência e a área de inovação do grupo Peugeot e foi diretora de uma das escolas de design mais prestigiadas da França, a Strate, École de Design, além de ter contribuído para Saint Gobain Research Paris e outras instituições, sempre focada na formação de novos talentos e na evolução do ensino de design.
Ela tem sido uma fonte constante de inspiração, não apenas pela sua expertise técnica, mas também pela forma única com que aborda a educação e a liderança em design.
Sylvia Harris
Era mestre em design gráfico e uma figura fundamental na área. Trabalhou como designer gráfico e estrategista de design, sendo considerada uma pioneira no campo do design de impacto social. Fundou a empresa Sylvia Harris LLC e esteve à frente de projetos emblemáticos, como o redesign dos sistemas de transporte da cidade de Nova York, a identidade visual de organizações públicas e a reformulação do formulário do Censo norte-americano, com o objetivo de aumentar a participação de pessoas de baixa renda. Ela também cunhou o termo Citizen-Centered Design. Em 2014, recebeu a medalha do Instituto Americano de Artes Gráficas. Através do seu trabalho, aprendi como testar ícones em produtos digitais e compreendi que o design, antes de tudo, é uma disciplina social.
Shelley Evenson
É professora com PhD em HCI, pesquisadora e uma das pioneiras na área de Interação Humano-Computador. Com uma longa trajetória no design, tanto na academia quanto na indústria, ela se destaca por sua perspicácia e contribuições inovadoras. Sempre fui fascinado por design de interface e sistemas de design, e seu trabalho sobre linguagens de design teve um impacto profundo em minha trajetória. No meu livro Design em Escala, me apoiei em sua visão para compreender como construir linguagens de design para produtos interativos. Conheci seu trabalho através do livro Bringing Design to Software, de Winograd, e, além disso, Shelley também fez contribuições importantes na área de design de serviços.
Virpi Roto
É professora com PhD em Experience Design, designer e pesquisadora, com uma longa carreira na área de usabilidade e User Experience. Sou fã do seu trabalho, confesso. Ela desenvolveu uma pesquisa extremamente importante para entender o que é user experience, especialmente para produtos interativos, e como projetar experiências com significado. Ela é a criadora do site allaboutux.org, que foi uma coleção abrangente de métodos de avaliação de UX, e, para quem é mais antigo na área, provavelmente já conhece.
Conheci seu trabalho por meio dos meus estudos sobre como avaliar a experiência do usuário, além da usabilidade. A professora Virpi propôs o framework temporal “Levels of User Experience”, que sempre utilizo em minhas aulas para explicar a natureza dinâmica da UX. Ela também criou com Sari Kujala UX Curve, uma técnica que usei bastante para entender os episódios das experiências dos usuários.
Vivianne Castillo
É pesquisadora, designer e especialista em ética e saúde mental no design, com formação em psicologia. Fundou a HmntyCntrd, uma consultoria de design reconhecida pela Fast Company como uma das 10 empresas de design mais inovadoras. Vivianne trouxe uma perspectiva única para a área de UX por meio de sua bravura e capacidade de levantar debates perspicazes no setor de tecnologia e design. Antes de se tornar uma referência na área, trabalhou em empresas como a Salesforce, onde ajudou a estruturar abordagens mais humanas para a pesquisa com usuários.
Como homem negro, pai, autor, designer e pesquisador na área de HCI/IxD, acredito que buscar referências femininas é essencial para entender suas perspectivas sobre design e tecnologias interativas, além de construir uma prática mais inclusiva e transformadora. Como comunidade, é importante que valorizemos as contribuições femininas no design, pois desta forma estaremos promovendo mudanças sociais significativas.