Migrando da Biologia para o UX Design: o que tenho aprendido?
Ao longo desses 6 meses que venho estudando UX Design, pude aprender algumas coisas e desconstruir muitas outras.

Antes de começarmos, vou falar um pouquinho sobre mim.
Me chamo Mariana, tenho 22 anos, sou Bióloga e estou migrando para UX. No período da graduação em Biologia, fui bolsista do programa CNPq e fiz pesquisa por 3 anos nas áreas de Biofísica e Microbiologia.
Meu projeto envolvia bactérias e radiações de baixa potência — mas sem a parte das roupas de proteção amarelas que vemos nos filmes.
Gostei dos anos que passei no laboratório, mas não ficava satisfeita por não ter apoio, conhecimento difundido e acessível, sem falar na desvalorização da ciência.
A impressão que tinha era que eu estava numa bolha onde muito pouco era compartilhado e colocado em prática. Inclusive, ainda acho o meio científico ineficiente em alguns aspectos, (mas isso é assunto para outro post).
Como ex-pesquisadora, posso afirmar com muita certeza que me sinto muito mais realizada migrando para o UX, e tudo tem sido muito novo para mim. Fico animada em poder participar de uma comunidade, interagir com pessoas e compartilhar vivências. Acredito que podemos construir novas pontes com diálogo e empatia.
Por isso estou escrevendo esse artigo, e ao longo dele, vou abordar algumas coisas que venho observando durante a minha transição de carreira.
1. Criatividade não é um dom: é uma habilidade
Durante toda a vida, tive inseguranças com tudo o que era relacionado a criar algo: desenhava pouco, e criava menos coisas ainda.
Porque a sociedade colocou em nossas cabeças que o Design é apenas para as pessoas que têm o “dom da criatividade”?
O Design é para pessoas, não para designers.
E o objetivo de tudo isso é criar possibilidades, melhorar a relação das pessoas com os produtos/serviços que elas já amam ou apenas toleram.
Não é sobre fazer as pessoas quererem algo, é fazer algo que as pessoas queiram.
UX é um facilitador de todo o universo digital e sua importância deve ser sempre reforçada.
2. No início (e por um bom tempo) as coisas não sairão como imaginamos
Sempre que iniciamos algo novo, o perfeccionismo bate em nossas portas. Já diz o ditado, né? O perfeito é inimigo do bom!
Com tantas coisas sendo produzidas pela comunidade, temos que filtrar o que realmente é necessário. Depois de muita ansiedade, percebi que ler livros técnicos, estudar online e praticar é uma rotina consistente. Mas isso não faz o trabalho todo.
Então, é sempre importante conversar com pessoas da área e acompanhar o trabalho de outros profissionais que são boas referências.
Por último, mas não menos importante: enxergar que ingressar na área do Design é algo possível.
3. É importante criar para nos livrar de algumas ideias que não são tão boas
Hoje em dia, temos muitas plataformas que possuem interfaces e projetos extremamente conceituais (vide o Dribbble). Esses projetos são lindos, mas nem sempre são aplicáveis.
Quando tive meus primeiros contatos com as plataformas de criatividade, me impressionava com esses projetos e acreditava que nunca conseguiria fazer algo parecido.
É aí que precisamos ser críticos: design não é só criar uma tela bonita — e se engana quem pensa que criar coisas atrativas é o suficiente.
“A arte e a beleza desempenham papéis essenciais em nossas vidas. Bons designs incluem tudo isto: prazer estético, arte, criatividade, e ao mesmo tempo são usáveis, de fácil operação e prazerosos.”
— Don Norman, em “O Design do Dia-a-Dia”.
4. Existe uma comunidade disposta a nos ajudar nesse caminho
Como mencionei, durante a graduação, não tinha com quem trocar apoio e suporte. Acreditem, isso fazia muita falta. Em contrapartida, temos isso aos montes na área de UX.
Uma das coisas que mais amo no Design é o conhecimento livre e passado para a frente sempre que possível. Seja com posts, insights, interfaces, um produto ou serviço sendo criado.
É ótimo saber que temos uma rede que espalha o que aprende — e que não estamos em uma bolha que nos cobra vários dólares para o acesso de um arquivo. É possível aprender muito e conseguir muito conteúdo gratuito sobre UX.
Conclusão
Ao longo desses 6 meses, pude concluir que priorizar boas referências, criar e compartilhar são coisas fundamentais para o nosso crescimento. Também sabemos que o perfeccionismo pode ser ruim, então, aceitar a conclusão de um projeto e passar para a próxima etapa pode ser melhor que imaginamos.
Conteúdo adicional
Aos que quiserem ter outra visão sobre o processo de transição de carreira, deixo aqui dois artigos que abriram portas para que eu pensasse no conteúdo desse post: