Nós precisamos parar de romantizar a liderança em design
Sobre liderança da porta pra fora.

Vez ou outra abro o LinkedIn para saber o que está acontecendo no mercado.
Na maioria das vezes me arrependo.
Redes sociais — sejam “de lazer” ou “de trabalho” — param de fazer sentido quando você entende as mecânicas que regem a criação de conteúdo ou as motivações reais que levam as pessoas a publicarem por lá.
Entre as várias atrocidades que encontro em minhas expedições, uma delas me chama a atenção mais do que outras:
A romantização da persona da liderança de design.

Não, não estou advogando por um mercado sem lideranças; Lideranças são extremamente necessárias para definir a direção para a qual caminham as empresas, suportar seus times e transformar a indústria.
Mas nas redes, a figura romantizada em excesso da liderança de design é a do bom moço (ainda são mais moços que moças), que preza pela união do time, pelo espírito de equipe, pelo “vestir a camisa”, pelo “fazer parte da família [insira aqui o nome ou a cor da marca]”, inundado pelas hashtags corporativas do #VemPraCáVocêTambém.
Três, quatro posts no LinkedIn por dia.
Liderança da porta pra fora se torna mais importante do que a liderança da porta pra dentro.
É um pouco parecido com casais que escrevem textos românticos um para o outro na rede social; ao invés de virar pro lado e falar aquilo ao vivo. Sem se darem conta que, na verdade, estão escrevendo aquilo para os tios, amigos, ex-namorados — pra todo mundo — menos a pessoa destinatária.
Ser uma figura pública é importante, e necessário.
Ser o protagonista, não.
Nos últimos meses tenho prestado mais atenção em outro tipo de liderança. A liderança dos bastidores, calada.
Aquela que se manifesta, não através de posts nas redes, mas em resultados tangíveis para a empresa e para o time. Liderança sem ego, sem pau-de-selfie, cuja principal audiência é a própria equipe que, esta sim, está no centro do palco.
Liderança de verdade vira o holofote e a câmera para o outro lado.
