O papel do designer dentro dos negócios da empresa

Há muito se fala sobre a necessidade do UX designer participar ou não das decisões de negócios da empresa. É mesmo necessário?

Fransuel Nascimento
UX Collective 🇧🇷

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Estamos preparados para conversar sobre negócios ou este é mais um estágio do ego do designer?

Nos últimos 6 meses, frequentando cursos e palestras de design, conversando com outros profissionais e descobrindo suas vivências de mercado, há uma reclamação geral em relação à participação do designer nos processos de negócios.

"Tem muito top-down!" "Deveria ter um designer participando das decisões!" "Não somos informados do que acontece" "O design pode contribuir mais!" "Os designers esquecem de pensar no negócio!"

…e por aí vai.

O problema é que tem inúmeras variáveis que não são calculadas antes de reivindicar esse "posto no Olimpo" que é considerado por muitos o next step do UX design. Antes de qualquer coisa, tem muitas perguntas que devem ser feitas aos designers para que possamos de fato, embasar essa escolha e justificar mais uma cadeira na mesa.

Cultura da empresa

Em empresas que não tem uma cultura muito forte de design, é realmente muito difícil que qualquer decisão de negócios contemple um mínimo esforço de design ou de métodos de design. Nesses casos, um trabalho muito mais árduo tem que vir antes: o de conscientização.

Designers não sentam na mesa de negócios por força, eles tem que ser convidados. E só há o convite quando há uma visão macro do potencial de design no negócio e no diferencial competitivo que ele pode gerar. Isso não é da noite pro dia: é preciso provar com números que este lugar é merecido.

Se proponha esse desafio de levantar provas antes de levantar a voz por este posto, ele pode ir embora facilmente.

Cultive relações interpessoais com negócios

Relações cordiais e cultura de colaboração sempre levam a bons resultados. Se ofereça, em primeira pessoa, ajuda para trazer resultados para outras áreas. Quando conversamos com pessoas que não entendem direito o que fazemos, a curiosidade só vai nascer quando ela enxergar valor naquilo que entregamos.

Entender o processual de outras áreas é essencial para cultivarmos essa relação. Mais importante do que mudar a forma como os outros fazem, é ajudar a multiplicar os resultados mudando o mínimo possível como outras pessoas trabalham. Lembrando que estamos falando de áreas muito heterogêneas, em que também pode não existir um processual solidificado e muito menos seja o objetivo.

Resultados de impacto de UX dentro de negócios

Cases externos da colaboração entre UX e negócios podem não ser um atrativo, como inclusive podem ser detratores dessa inciativa. Só existem duas alternativas para que a relação entre UX e Business decole: o primeiro, um case interno. Mostre com números e exemplos claros como design pode mudar pra melhor esta equação. Use pesquisa, entrevistas e protótipos de soluções que mostrem que sim, há algo a fazer nesse sentido dentro de casa, mexa no bolso e você verá olhos se abrindo ao seu redor.

O segundo é fazer uma aposta.

Faça uma aposta com quem abrirá essas portas oferecendo resultados por novas oportunidades. Mostre confiança de que o processo funciona e use isto a seu favor. Se ainda ganhando as portas não se abrirem, dificilmente design deixará de ter uma demanda reativa.

Do micro para o macro

Em resumo, as mudanças são sempre graduais e por mais tecnológica que seja a empresa onde você trabalha, quebras de paradigma continuam doendo e resistência vai existir sempre. Muitas das vezes, design não vai chegar no centro da discussão de negócios, mas mais importante que isso, é ganhar o setor como aliado e não como um estranho no ninho. Entenda como eles pensam e trabalham, que eles também vão tentar pensar e entender como nós trabalhamos.

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