O perfil do designer em 2024
Quais são as características-chave do designer nesse ano cheio de desafios e como as colocamos em prática.

Com o fim do ano vêm com ele também os relatórios do ano, as tendências, e todo o tipo de provocações e previsões do que será o futuro da profissão dali em diante. O mercado de tecnologia vive um turbilhão de mudanças nos últimos 2 anos, e o próximo não deve ter uma toada muito diferente do que foi até agora nesse período.
Dentro desse cenário, fica o inevitável questionamento: o que será de nós a partir de agora? Como a disciplina fica diante do mercado? Perdemos espaço?
Tento trazer aqui uma visão sobre o que de fato é importante o designer ter para se destacar não apenas no seu ambiente de trabalho mas também no mercado, visto que as oportunidades estão sim mais escassas e o funil está mais exigente. Tenho visto grandes exemplos no mercado de como as características que vou descrever abaixo tem feito designers mudar de patamar não apenas técnico, mas também de soft skills.
Comunicação como chave
A primeira característica que vejo como fundamental em um designer é a comunicação. Como um designer se comunica diz muito sobre como é o seu processo, e essa qualidade se estende às suas relações interpessoais no trabalho.
A comunicação é um resultado não apenas de qualidade técnica mas também de senso de responsabilidade, autogestão e senioridade. Bons designers sempre estão à frente na forma de comunicar, seja apresentando um case, seja dando relatórios, seja criando documentação ou sendo conciso na comunicação assíncrona.
Quando um designer se comunica bem, fica evidente o que ele quer, aonde ele quer chegar e o que esperar dele. Bons designers não oferecem apenas bom resultados técnicos, mas principalmente previsibilidade.
Intraempreendedorismo como influência
O bom designer é claramente identificado pelas suas iniciativas de melhorar o próprio ambiente de trabalho. Como nenhum trabalho é perfeito, obviamente sempre há margem para melhorias. E é aí que esse perfil se destaca.
A melhor forma de transformar um ambiente e mudar a cultura de um grupo de pessoas é começando pelos passos pequenos e de fácil implementação (o famoso “quick win”). Quando conseguimos fazer uma boa leitura do ambiente e criamos aliados no local de trabalho (muito graças ao ponto da comunicação), fica muito mais fácil identificar o que e como atacar primeiro.
Influência leva tempo e muitos ambientes podem ser hostis a mudanças, então saber “ler” a situação é muito valioso, e ficar atento para aprender primeiro é essencial.
Aprender para ensinar
Todo designer é um replicador de conhecimento. Bons designers são antes de tudo seres ávidos por conhecimento e nossa área é repleta de mudanças (boas e ruins) e modismos (que vão e que vem também) e ter o senso crítico é sempre um exercício complexo e cheio de linhas borradas na maioria do tempo.
Grande parte dessa distinção e senso crítico vem da troca. Se você não busca aprender com seus pares, líderes e liderados, você não poderá ensiná-los. Quando estamos abertos para colocar nosso trabalho sob avaliação, é quando estamos aprendendo mais, e esse é um momento geralmente muito subestimado. Valorizamos muito mais o ensinar do que estarmos abertos para aprender, característica que põe em risco muitas oportunidades que se apresentam silenciosamente para nós designers.
Estar pronto o tempo todo
A maioria das grandes oportunidades surgem sem nenhum planejamento. Aquela indicação que você recebeu sem saber porque lembraram de você, aquela cadeira que vagou e estão procurando alguém com suas características, a conversa informal que vira um convite: muitas das vezes você se vê olhando para uma oportunidade mas você nunca está com o seu site atualizado, portfólio pronto, etc. Quem nunca passou por isso?
O grande problema é que o que nunca está pronto é o nosso discurso de como nos “vendermos” na hora certa. Saber explicar o que você faz, quais são seus diferenciais, como você pode ajudar, como a disciplina de design é importante, são tópicos essenciais em um pitch bem feito.
Você saberia fazer o seu se estivesse casualmente com um possível contratante numa mesa?
A junção de todas essas características descritas acima mostra um perfil implacável de designer: aquele que não apenas executa (e executar bem é um capítulo a parte também), mas principalmente eleva a barra de execução de todos ao seu redor e busca melhorias o tempo todo não apenas no design mas em todo o processual envolvido.
Um designer que consegue mostrar que é capaz disso é sem dúvidas um candidato imbatível em um processo, ou um valor inegociável se já estiver inserido em uma estrutura de design.
Para chegar lá, comunique-se bem, estude e aprenda com seu time e esteja atento às oportunidades que surjam de se melhorar e melhorar o seu entorno.