Os diferentes tipos e funções dos Protótipos
O que é esse entregável e quais benefícios eles podem oferecer para as equipes e para as empresas.

Como co-fundador e responsável pela área de produto da BuildCare, tive oportunidade de passar por todo o ciclo de Product Discovery & Delivery, explorando e construindo diferentes tipos de protótipos de acordo com as necessidades da startup.
Desde a prototipação em papel até os mais fiéis protótipos Low/NoCode, diversas são as maneiras de construir e testar potenciais soluções, a depender do grau de complexidade da ideia e do que se deseja tangibilizar. Porém, antes de falar sobre métodos, gostaria de explicar melhor o que é esse entregável e quais benefícios eles podem oferecer para as equipes e para as empresas.
O que é um protótipo e por que precisamos deles?
Um protótipo é um esboço de produto ou serviço que busca visualizar uma ideia, entender comportamentos ou testar soluções.
Ele é resultado de descobertas feitas em fases anteriores, sendo sustentado por hipóteses a serem testadas antes da construção do produto final.
Os protótipos podem ter funções que vão desde a validação da proposta de valor até a análise de usabilidade do artefato e validação da sua viabilidade técnica. Sua adoção evita falhas na construção do produto final, por conseguir identificar mudanças o mais cedo possível no projeto.

Para compreender a importância dos protótipos, é preciso entender que o custo de uma mudança em um projeto aumenta exponencialmente com o passar do tempo [Figura 1].
Jakob Nielsen estima que é até 100 vezes mais barato fazer uma mudança no projeto antes de escrever qualquer linha de código.
Adotar a prototipação, principalmente durante as fases iniciais do projeto, reduz o impacto que mudanças podem ocasionar no projeto, reduzindo custos e mitigando falhas durante a implementação.
Reduzir custos e testar antes de construir o produto final não está restrito apenas aos protótipos. Essa mesma abordagem é realizada na metodologia Lean com os grandes e detalhados planos de negócios sendo substituídos pelo Business Model Canvas, uma alternativa mais barata e flexível.
Os diferentes tipos de protótipos
É essencial conhecer os diferentes tipos de protótipos e entender em quais momentos eles podem ser melhor utilizados. Cada projeto é único e possivelmente você decidirá adotar um ou mais métodos de prototipação de acordo com o estágio em que o projeto se encontra.
Uma forma interessante que encontrei de organizá-los foi cruzando duas dimensões distintas: fidelidade visual e funcional [Figura 2]. Quanto mais à direita está o método, maior a fidelidade visual do protótipo, quanto mais acima, maior o seu nível de funcionalidade e possibilidade de interação.

Na BuildCare, adotei a prototipação em papel logo no início como forma de avaliar a construção de uma nova jornada digital para engenheiros, entendendo a percepção de valor pelo usuário. Posteriormente, foi fundamental utilizar dados em tempo real durante testes, exigindo o uso de protótipos com um maior nível de funcionalidade.
Protótipos de baixa fidelidade
Os protótipos de baixa fidelidade (lo-fi) são os mais baratos e rápidos de fazer. Geralmente são utilizados no início do projeto para descartar as maiores incertezas, testar conceitos e descobrir valor para o produto. Podem ser usados também como base para construir protótipos de maior fidelidade.

Em contrapartida, esse tipo de prototipação pode exigir grande esforço e imaginação do usuário, por não possuir elementos visuais bem definidos e interações mais reais, limitando a interpretação de testes realizados. Os métodos mais utilizados são prototipação em papel, wireframes clicáveis além de protótipos do tipo concierge e Mágico de OZ, são os mais utilizados.
Protótipos de alta fidelidade
Os protótipos de alta fidelidade (hi-fi) são os que mais se aproximam do produto e da experiência final, porém demoram mais para serem construídos e podem ser mais caros. São utilizados para obter dados mais reais e significativos durante testes de usabilidade e oferecem a possibilidade de observar pontos específicos, como fluxos, elementos gráficos, animações e microinterações.

Existem uma infinidade de ferramentas para construção de protótipos hi-fi, sendo as mais comuns o Sketch, Figma, AdobeXD, InVision e Framer. É possível também utilizar ferramentas de prototipação com dados ao vivo, como o Thunkable ou Bubble, ou codificar soluções em HTML/CSS.
Qual método escolher para meu projeto?
Não existe um método de prototipação perfeita para todos os casos e a escolha depende de variáveis como tempo disponível do projeto, o que se pretende observar e qual o nível de maturidade do produto. A escolha deve ser guiada pensando sempre em otimizar o trabalho, potencializar o aprendizado e resultados.
Por exemplo, não é interessante produzir durante semanas um protótipo de alta fidelidade enquanto ainda não se validou a hipótese de produto. Em outros casos, o nível de detalhamento técnico é extremamente necessário e o tempo de produção é justificado pelo aprendizado que o protótipo fornece.
Portanto, conhecer um pouco mais sobre os diferentes protótipos é fundamental para entender o momento certo de utilizar cada método. Não existe o melhor, apenas o mais adequado a depender das variáveis do projeto.
Agradeço a você que chegou até aqui! Caso tenha alguma dúvida, sugestão ou quiser bater um papo comigo sobre o assunto, é só falar. Você pode me encontrar através do LinkedIn.
Um agradecimento especial para Jana Velozo que revisou esse texto comigo! :)
Referências
Para quem deseja se aprofundar mais sobre o tema, separei alguns links:
- 📺 Design Like a Scientist — Navin Iyengar (awwwards)
- 📺 Low fidelity prototype testing of the EE app — UX Playground
- 📃 Product Discovery na era do no/low code — produto.io
- 📃 Paper Prototyping: Getting User Data Before You Code — NN Group
- 📃 Concierge vs. Wizard of Oz Prototyping — Kromatic
- 📄 Getting Started with Prototyping — Steve Forbes