Os diferentes tipos e funções dos Protótipos

O que é esse entregável e quais benefícios eles podem oferecer para as equipes e para as empresas.

Ailton de Andrade
UX Collective 🇧🇷

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Ferramenta de prototipação acessado pelo tablet.
Foto por Alvaro Reyes via Unsplash.

Como co-fundador e responsável pela área de produto da BuildCare, tive oportunidade de passar por todo o ciclo de Product Discovery & Delivery, explorando e construindo diferentes tipos de protótipos de acordo com as necessidades da startup.

Desde a prototipação em papel até os mais fiéis protótipos Low/NoCode, diversas são as maneiras de construir e testar potenciais soluções, a depender do grau de complexidade da ideia e do que se deseja tangibilizar. Porém, antes de falar sobre métodos, gostaria de explicar melhor o que é esse entregável e quais benefícios eles podem oferecer para as equipes e para as empresas.

O que é um protótipo e por que precisamos deles?

Um protótipo é um esboço de produto ou serviço que busca visualizar uma ideia, entender comportamentos ou testar soluções.

Ele é resultado de descobertas feitas em fases anteriores, sendo sustentado por hipóteses a serem testadas antes da construção do produto final.

Os protótipos podem ter funções que vão desde a validação da proposta de valor até a análise de usabilidade do artefato e validação da sua viabilidade técnica. Sua adoção evita falhas na construção do produto final, por conseguir identificar mudanças o mais cedo possível no projeto.

Gráfico com curva em crescimento. A curva se refere ao custo ad mudança que aumenta com o decorrer do tempo de projeto.
Figura 1

Para compreender a importância dos protótipos, é preciso entender que o custo de uma mudança em um projeto aumenta exponencialmente com o passar do tempo [Figura 1].

Jakob Nielsen estima que é até 100 vezes mais barato fazer uma mudança no projeto antes de escrever qualquer linha de código.

Adotar a prototipação, principalmente durante as fases iniciais do projeto, reduz o impacto que mudanças podem ocasionar no projeto, reduzindo custos e mitigando falhas durante a implementação.

Reduzir custos e testar antes de construir o produto final não está restrito apenas aos protótipos. Essa mesma abordagem é realizada na metodologia Lean com os grandes e detalhados planos de negócios sendo substituídos pelo Business Model Canvas, uma alternativa mais barata e flexível.

Os diferentes tipos de protótipos

É essencial conhecer os diferentes tipos de protótipos e entender em quais momentos eles podem ser melhor utilizados. Cada projeto é único e possivelmente você decidirá adotar um ou mais métodos de prototipação de acordo com o estágio em que o projeto se encontra.

Uma forma interessante que encontrei de organizá-los foi cruzando duas dimensões distintas: fidelidade visual e funcional [Figura 2]. Quanto mais à direita está o método, maior a fidelidade visual do protótipo, quanto mais acima, maior o seu nível de funcionalidade e possibilidade de interação.

Ferramentas de prototipação de acordo com o grau de fidelidade funcional e visual.
Figura 2

Na BuildCare, adotei a prototipação em papel logo no início como forma de avaliar a construção de uma nova jornada digital para engenheiros, entendendo a percepção de valor pelo usuário. Posteriormente, foi fundamental utilizar dados em tempo real durante testes, exigindo o uso de protótipos com um maior nível de funcionalidade.

Protótipos de baixa fidelidade

Os protótipos de baixa fidelidade (lo-fi) são os mais baratos e rápidos de fazer. Geralmente são utilizados no início do projeto para descartar as maiores incertezas, testar conceitos e descobrir valor para o produto. Podem ser usados também como base para construir protótipos de maior fidelidade.

Teste de usabilidade com protótipo de papel
Foto por UX Playground.

Em contrapartida, esse tipo de prototipação pode exigir grande esforço e imaginação do usuário, por não possuir elementos visuais bem definidos e interações mais reais, limitando a interpretação de testes realizados. Os métodos mais utilizados são prototipação em papel, wireframes clicáveis além de protótipos do tipo concierge e Mágico de OZ, são os mais utilizados.

Protótipos de alta fidelidade

Os protótipos de alta fidelidade (hi-fi) são os que mais se aproximam do produto e da experiência final, porém demoram mais para serem construídos e podem ser mais caros. São utilizados para obter dados mais reais e significativos durante testes de usabilidade e oferecem a possibilidade de observar pontos específicos, como fluxos, elementos gráficos, animações e microinterações.

Monitor exibindo ferramenta de prototipação de alta fidelidade
Foto por Balázs Kétyi via Unsplash.

Existem uma infinidade de ferramentas para construção de protótipos hi-fi, sendo as mais comuns o Sketch, Figma, AdobeXD, InVision e Framer. É possível também utilizar ferramentas de prototipação com dados ao vivo, como o Thunkable ou Bubble, ou codificar soluções em HTML/CSS.

Qual método escolher para meu projeto?

Não existe um método de prototipação perfeita para todos os casos e a escolha depende de variáveis como tempo disponível do projeto, o que se pretende observar e qual o nível de maturidade do produto. A escolha deve ser guiada pensando sempre em otimizar o trabalho, potencializar o aprendizado e resultados.

Por exemplo, não é interessante produzir durante semanas um protótipo de alta fidelidade enquanto ainda não se validou a hipótese de produto. Em outros casos, o nível de detalhamento técnico é extremamente necessário e o tempo de produção é justificado pelo aprendizado que o protótipo fornece.

Portanto, conhecer um pouco mais sobre os diferentes protótipos é fundamental para entender o momento certo de utilizar cada método. Não existe o melhor, apenas o mais adequado a depender das variáveis do projeto.

Agradeço a você que chegou até aqui! Caso tenha alguma dúvida, sugestão ou quiser bater um papo comigo sobre o assunto, é só falar. Você pode me encontrar através do LinkedIn.

Um agradecimento especial para Jana Velozo que revisou esse texto comigo! :)

O UX Collective doa US$1 para cada artigo publicado na nossa plataforma. Esta história contribuiu para o UX Para Minas Pretas (UX For Black Women), uma organização Brasileira focada em promover equidade para mulheres Pretas na indústria de tech através de iniciativas de ação, empoderamento, e troca de conhecimento. Silêncio contra o racismo sistêmico enraizado na sociedade não é uma opção. Construa a comunidade de design na qual você acredita.

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Product Designer recifense apaixonado por criar soluções que impactem a vida das pessoas!