Por que as pessoas não ligam para o que você tem a dizer?

E como o Storytelling pode te ajudar com isso.

Rafael Frota
UX Collective 🇧🇷

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Eu cresci num ambiente muito educativo: minha mãe é professora e me ensinou a ler em casa, então sempre tive muito o que ler — e ai de você se disser que Turma da Mônica não conta…

Na imagem: As personagens da Turma da Mônica, Magali e Mônica, olhando para a tela de um computador, com uma frase de Magali dizendo: “Ai! Estou encantada com a internet!”

Me divertia muito com todas aquelas aventuras; mas as histórias que eu mais amava, eram as do meu avô.

Eu moro em São Paulo e meu avô no Piauí, mas o que ele me contava me levava muito mais longe do que a distância entre esses dois Estados.
Pareciam que eram de filmes; eram cheias de emoção e coisas engraçadas e eu me impressionava por ele saber tanto sobre tudo, sem nem ter completado o ensino fundamental.

Eu ficava vidrado e não parava de prestar atenção; sem contar que, por vê-lo muito pouco, eu ficava mais ansioso ainda para reouvir os contos e ouvir os novos que ele tinha quando o encontrava.

Com o passar dos anos descobri o que fazia eu me apaixonar tanto no que ele me contava: a conexão pessoal dele com suas histórias. Ele é um storyteller nato — e o que quero contar hoje é um pouco do que ele me ensinou, e o que sinto falta de ver em muitos conteúdos por aí.

Falta conexão

Sabe quando alguém diz algo e você sabe exatamente o que ela quis dizer? Sim, a famosa conexão!

De acordo com Judith E. Glaser, antropóloga organizacional: quando nos conectamos com alguém, nosso cérebro recebe um impulso no cortex pré-frontal, e mais; quando compartilhamos experiências, valores e paixões verdadeiras, a oxitocina é liberada.
A oxitocina é o WhatsApp do nosso cérebro. Ou seja, é um mensageiro químico, responsável por vários efeitos, como o afeto, empatia e por cristalizar memórias emocionais.

Se sua mensagem é importante, ela precisa criar conexão com as pessoas; e talvez um dos motivos pelo o qual isso não acontece é porquê…

Faltam histórias pessoais

Eu não sei se seus pais são professores, se você aprendeu a ler em casa ou na escola, se gosta da Turma da Mônica, tem parentes em São Paulo ou no Nordeste e muito menos se tem um avô.
Mas provavelmente, você deve ter alguém que te inspira ou que conta histórias que você ama, e talvez essa pessoa possa ter vindo à sua mente enquanto você lia.

A princípio parece fugir do tema; mas o objetivo é criar conexão com você, com uma história verdadeira e pessoal. (te amo vô ♥)

Nos conectar com as pessoas é um dos primeiros passos para a comunicação evoluir. Mas depois de conseguir atenção do ouvinte, por que alguns param de escutar? Talvez porquê…

Falta simplicidade

Ganhei o livro 1984 do George Orwell de presente da minha noiva, e foi um dos melhores livros que já li. Além de ser um dos meus escritores favoritos, ele foi uma inspiração para eu começar a escrever também.

Curioso que sou, fui atrás de saber mais sobre ele e descobri seis dicas que ele deixou para quem quer escrever melhor (você pode conferir todas elas aqui), e basicamente elas se resumem em uma palavra: simplicidade.

Para que usar uma palavra grande quando uma curta serve? Para que usar termos técnicos e em inglês que podem vir acompanhados de um: OI?
Tento sempre escrever de um jeito que um físico nuclear possa ler e mostrar para o filho de 10 anos, sabendo que essa criança vai entender.

Por isso é essencial entender para quem você quer comunicar a sua mensagem e tentar passar ela da maneira mais simples possível.

E talvez um dos pontos que mais tenho refletido ultimamente, é que…

Falta escutar

Nós estamos acostumados a ver conteúdos onde existem três fatores:

  • um protagonista;
  • uma mensagem a ser dita;
  • e um ouvinte.

Mas hoje, com o poder da tecnologia e da internet, todos nós temos voz; e eu acredito que você também queira falar, não?

Muitos se posicionam como autoridade no assunto, como donos da razão e esquecem que seu público também tem suas histórias, e que essas também podem fazer parte do conteúdo e ajudar a criar mais conexão com outros.

Veja o ótimo exemplo do chocolate Lacta 5Star; eles começam uma história e pedem para o seu público continua-la nos comentários:

Na imagem: Um post da página do Facebook da Lacta 5Star, dizendo que o roteirista pirou e acha que pode fazer um filme de verdade com os comentários do post, e pedindo para continuarem a história depois da frase: “Era uma vez, um cara normal, em uma casa normal, que comeu um 5Star e…”

E o resultado:

Então, para finalizar:

“Crie conexões com histórias pessoais e verdadeiras. Tenha a certeza de que seu público vai compreender o que você tem a dizer. Escute-os, e, se possível, os faça participar.”

Muito obrigado por ler até aqui, e se você tiver alguma história para me contar, eu adoraria ler nos comentários.

Um grande abraço!

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