Portfólios de UX: Por que os profissionais estão resolvendo os mesmos problemas?
Na maioria das vezes, a culpa é de empresas/escolas de Design que incentivam portfólios baseados nos mesmos desafios de UX.
Há pouco mais de 5 anos, iniciei minha jornada na liderança de times de design. Desde então, parte da minha rotina é avaliar pessoas, portfólios e desafios técnicos. Na minha breve experiência, observei que muitas pessoas de Design apresentavam os mesmos desafios, problemas e até, as mesmas interfaces em seus portfólios.
Na maioria das vezes, a culpa é das empresas/escolas de design que incentivam seus alunos a criarem um portfólio baseado em problemas genéricos, como: crie uma landing page, crie uma tela inicial para um sistema de criptomoedas, crie 3 telas do aplicativo X, Y, Z.
Contudo, parte dessa culpa é minha também. Pois, utilizei o mesmo padrão de desafios e criação de portfólio com cerca de 40.000 alunos em meus cursos de design na Udemy e outras plataformas. A diferença é, que sempre incentivei os alunos a buscarem seus próprios problemas, e principalmente, a mostrarem seus trabalhos para o mundo.
Antes, na era pré-digital, as pessoas davam mais importância para o resultado. Os detalhes do processo de criação eram desinteressantes para o público (KLEON, 2017). Mas hoje, as pessoas querem acompanhar o processo de criação dos profissionais e artistas preferidos, utilizando todos os recursos digitais disponíveis para fazer parte da criação.
Você pode escolher quando e como compartilhar seu trabalho com as pessoas. Para isso acontecer, você precisa ter um objetivo bem definido.
Encontre um problema para resolver. Um problema que seja seu.
Arthur Bender em seu livro Personal Branding diz o seguinte: “[…] a grande e esmagadora maioria dos profissionais em quase todos os níveis, idades e fases da carreira sofre do mal de não saber gerenciar sua jornada profissional. São pessoas habilidosas, muitas com grande preparo, dedicadas e estudiosas, mas que em certo momento da vida percebem que perderam as rédeas da carreira e que ela correu solta, para lugares e situações não planejadas”. Isso nos mostra que precisamos direcionar nossos esforços e traçar objetivos para o lugar onde desejamos chegar.
Este texto nasceu do desejo de desfazer esse mal-entendido. Portanto, trago aqui um modelo para desfazer o modelo anterior. Parece uma piada de mal gosto. Né?! Mas, vamos continuar o pensamento…
O portfólio pede um objetivo
Todo portfólio precisa ter um objetivo, um segmento de mercado ou tema específico. Vamos a alguns exemplos:
Portfólio de UX Design 🎡
- Plano de pesquisas
- Execução de pesquisas
- Estudos de caso — com o objetivo de melhorar algo
- Melhoria de interfaces — por meio de fluxos, mapas e jornadas
- Descoberta de novas features…
Portfólio de UI Design 🎨
- Estudos de interfaces
- Estudos de Componentes e softwares
- Design systems
- Cases de transições e animações…
Portfólio de Product Design 🎢
- Estudos de UX e UI Design
- Planejamento de Métricas de UX, Produto e Negócio
- Apresentação de resultados de produtos e interfaces…
Estas são apenas algumas ideias para começar a estruturar sua vitrine de projetos. Ok? Logo, precisamos entender que um portfólio deve:
- Apresentar quem você é como profissional e como você trabalha
- Mostrar a sua forma de pensar e de resolver problemas
- Ter um objetivo claro e motivação para cada projeto
- Mapear dores e desejos dos possíveis usuários
- Mostrar seu processo de trabalho, e
- Expor as lições aprendidas de cada projeto.
Em resumo, cada projeto presente no seu portfólio é uma chance de mostrar como você faz para chega numa solução. É uma porta de entrada para que outras pessoas e empresas conheçam seu trabalho e, vejam os resultados que você pode oferecer.
A mensagem que quero deixar para você é, que você não precisa mostrar os mesmos processos e técnicas que outros profissionais da área. Você pode buscar suas próprias referências, combinar métodos, estruturas, formas e cores. E pode mostrar seu trabalho de maneiras que ninguém imaginou antes.
O portfólio é o seu lugar. O seu espaço de trabalho. A sua sala.
Vivemos hoje, na era do excesso de informação. Muito conteúdo, muitas palavras, vídeos, áudios, produtos e milhões de escolhas a fazer a cada segundo. Para ter noção da importância desse tema, uma pesquisa realizada em 2022 pela Plataforma de cursos Alura, revelou que mais de 50 mil pessoas realizaram algum curso de Design na plataforma. A pesquisa mostrou também que a busca por curso de Design Gráfico, UX Design, UI Design, Design Systems e Design de Produtos cresceram 40,7% no último ano.
Para você ter uma ideia da dimensão das plataformas de portfólio existentes no mundo, o site DMR (expandedramblings.com) diz que o Behance.com possuía em 2018 cerca de 40 milhões de usuários. Em outra rápida pesquisa na plataforma SimilarWeb, mostra que o Behance recebe atualmente cerca de 47 milhões de visitas mensais. Isso trazendo apenas informações de uma plataforma de portfólios.
Atualmente, os designers gráficos freelance respondem por cerca de 90% da participação da indústria. O número de funcionários que trabalham como freelancers em design gráfico provavelmente aumentará após a pandemia.
Você não precisa de um curso para criar seu portfólio
Se você acredita que precisa de um curso para começar a criar seu portfólio parecido com o de outras 1.000 pessoas. Tudo bem! Mas, entenda que você pode mostrar o seu trabalho de uma forma inteiramente pessoal. Com projetos e problemas que você realmente acredita que valem a pena serem resolvidos. Para isso, sugiro alguns passos:
- Pesquise como outros profissionais apresentam seus projetos
- Identifique os pontos em comum dos top 5 profissionais que te inspiram e influenciam
- Estruture a base dos seus projetos
- Encontre seus próprios problemas para resolver
Não existe problema bom ou ruim. Existe o seu problema!
Sigo esses mesmos passos para estruturar meus projetos no portfólio. O que compartilho com você é a estrutura que tem funcionado para mim. Essa estrutura funciona em diversas plataformas, como: Behance, Medium, Dribbble, Blogs e site pessoal. Vamos ao exemplo:
- Capa (Nome do projeto, data de criação, duração do projeto)
- Objetivo, Meta e Motivação do projeto
- Problema que deseja resolver
- Escopo, estrutura e esqueleto da solução
- Resultados obtidos (Interfaces, arquitetura, etc.)
- Lições aprendidas (Altos e baixos do projeto)
A forma como você enxerga o seu trabalho e como você se posiciona no mundo, é o seu maior diferencial.
Quero deixar claro que este não é um modelo universal. Mas ele pode te auxiliar na criação e publicação dos seus projetos. Espero que este artigo seja útil para você. E principalmente, que você não precise comprar mais um curso para limitar como você enxerga o mundo.
Muito obrigado por me acompanhar até aqui.
Meus links
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Inspirações
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Livros
- BENDER, A. Personal Branding: construindo sua marca pessoal / Arthur Bender. — São Paulo: Integrate Editora, 2009.
- KLEON, A. Mostre seu trabalho! 10 maneiras de compartilhar sua criatividade e ser descoberto / Austin Kleon; tradução de Isabel W. de Nonno. — 1a ed. — Rio de janeiro: Rocco, 2017.
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Referências
- Dia do Designer busca pela formação cresceu 40%. Exame.com, 2022
- A lista definitiva de estatísticas de design gráfico para 2023. Findstack, 2022
- Behance statistics and facts. DMR, 2023
- Estatística Behance 2023. Similarweb, 2023
