Que ferramentas usar no processo de discovery?
Descubra ferramentas úteis para a descoberta do seu produto.

Para que um bom discovery ocorra, é preciso que se descubra as ferramentas necessárias para facilitar esse processo e que impliquem, necessariamente, na descoberta de três fatores principais de um produto: visão, contexto e restrições do mesmo.
Por isso, nesse artigo procuro explorar — de forma mais ilustrativa do que teórica — ferramentas que podem ajudar no recorte da definição de um produto, facilitando assim o entendimento individual do que está sendo construído, bem como com o restante do time.
Importante:
Todas as ferramentas apresentadas são mais bem utilizadas se forem desenvolvidas e pensadas coletivamente, pois além do alinhamento entre pessoas, papeis, tarefas, e prazos, a construção do conhecimento fica mais rica e o caminho a ser trilhado mais entendível.
Por que essas metodologias?
Escolhi essas metodologias, porque são intuitivas, aplicáveis nos cenários presencial e virtual e estimulam o time a um trabalho em grupo de co construção. Mas principalmente, porque ajudam no afunilamento e destrinchamento da visão, contexto e restrições de um produto.
Visão, contexto e restrição
Para desenvolver o produto, o primeiro passo é delimitar e conceituar três fatores que vão nortear e orientar sobre o que ele se trata.
Visão: Define a direção para qual o produto vai caminhar, explica o que é, o porquê, direção do projeto aonde se quer chegar.
Contexto: Agora que sei para onde quero ir, o contexto ajuda a esboçar o ponto de chegada e partida, esclarece quando, quem e onde.
Restrição: Ajuda a entender o caminho, que obstáculos serão encontrados nesse meio e como contorná-los, coloca em vista as probabilidades de imprevistos/riscos para evitá-los.
Outcomes map

O que é?
Uma ferramenta para mapear o contexto que seu produto está inserido tendo em vista dois possíveis cenários: a situação onde a visão de produto é alcançada (céu) e aquela que não é (inferno).
Por que e quando usar?
Pode ser usada quando se quer fazer um comparativo entre o cenário atual e a projeção de onde se espera chegar. Afinal, essa metodologia permite a visualização de forma “futurística” e cronológica dos passos que são necessários, para se obter o resultado desejado e evitar os riscos de ações desnecessárias. Assim, será possível ter uma trilha de possibilidades para ampliar as diferentes perspectivas que o time pode assumir, compreendendo o hoje e as possibilidades de futuro.
Como usar?
- Contexto atual: Você define qual é a situação do contexto atual do seu produto. Quais são as possibilidades e limites do seu usuário, hoje
- Construindo o céu: Baseado na sua visão de produto, você mapeia qual seria o contexto que seu usuário teria, caso essa visão isso fosse atingida. O que seu usuário conseguiria fazer? Construindo o inferno: Ainda baseado na visão, que contexto seria prejudicial ao usuário. Se der tudo errado, qual a pior situação?

3. Fazendo a regressão: Partindo das alternativas de futuro que se deseja alcançar, faremos uma regressão da situação. Então, da ponta da direita para a esquerda, deve-se pensar — para ambos os cenários — os motivos que levaram a tal contexto e repetir essa análise até chegar à situação atual do produto.


Portanto, essa técnica ajuda a entender possibilidades futuras depois que o produto é lançado e mapear possíveis consequências, assim se terá um mapa de passo a passo que precisa ser tomado, sem o risco de gastar tempo e dinheiro em contextos que não farão que a visão do produto seja alcançada.
Cynefin

O que é?
Uma ferramenta que possibilita perceber que movimentações e ações são necessárias quando se olha para o contexto e visão do produto e auxilia na tomada de decisões baseado na relação causa e efeito. É composta por 5 partes: complexo, complicado, caótico, desordem e simples.
Importante:
Essa ferramenta não é uma ferramenta de categorização, mas sim fluida e que acompanha as percepções da realidade. Tendo como principal objetivo entender os movimentos ou funcionalidades que o produto quer causar no usuário, portanto o foco tem que ser no movimento.
Por que e quando usar?
Pode-se utilizá-la quando se busca enquadrar um problema para mapear que movimentos são necessários e quais evitar, ao inserir um novo produto no mercado. Então, a depender de onde ele se enquadre, é necessário fazer uma avaliação de que ações deve-se tomar para movê-lo ao quadrante desejado.
Importante:
Dizer que um problema, pode ser fragmentado dentro dessa ferramenta, afinal tem-se diversas perspectivas sobre uma mesma questão, ou seja, algumas partes dele podem ser vistas como simples, outras mais complexas por isso é importante fazer uma separação.
Como usar?
- Aloque o problema do seu usuário na categoria que mais se encaixa, enxergando-o pelo ponto de vista do cliente;
- Pense que movimento quer fazer para tornar seu produto a resposta para aquela dor (passar o problema de complexo para simples, por exemplo); Que movimentos queremos provocar? Que movimentos queremos evitar?

3. Mapeie a movimentação desejada, bem como a ação que conseguirá causar essa mudança

Roadmap
O que é?
Tem como objetivo alinhar diferentes visões e possibilidades do desenvolvimento do produto, levando em consideração cada período de sua evolução e quais restrições serão encontradas no caminho.
Por que e quando usar?
Um bom motivo para usá-la é quando se quer entender como a cronologia das ações e objetivos traçados se desenvolverão numa linha do tempo, além disso, possibilita que alguns outros parâmetros também sejam levados em consideração como: métricas, riscos e etc

Como usar?
- A primeira coisa é definir quais serão os períodos das releases, pode ser por semana, mês, datas avulsas e etc o importante é ser condizente com os objetivos que querem ser alcançados;
- Depois, traçar os objetivos de negócio de cada etapa;
- Agora é detalhar as features, ou seja, como você vai alcançar esses objetivos;
- Baseado nos objetivos e nas ações propostas para alcançá-las, você define as métricas por recorte de período;
- Por último, pense quais são nos riscos que estão vinculadas as ações e objetivos de cada período.
O preenchimento não precisa ser sequencial, porque à medida que a métrica for definida, pode-se pensar no objetivo e assim por diante.
Elevator pitch
O que é?
Uma ferramenta interessante para explicar sobre a visão de um produto de forma rápida, cujo como objetivo sintetizar o discurso e a usabilidade dele, para alguém que não o conhece.
Por que e quando usar?
É um ótimo método para quando você quer que o produto seja entendível de uma forma simples e direta para sua equipe e stakeholders, por exemplo.
Como usar?
Um template comum utilizado é a junção das três partes relevantes para o entendimento de um produto: Contexto + Solução + Diferenciais, por isso, você pode utilizar esse modelo de fraseamento para adaptá-lo:
Para [persona], que [objetivo], o [produto] é [definição do produto] que [benefício].
Diferente de [outros produtos], nosso produto [diferencial].

Vision board
O que é?
Vision board é um mural e/ou quadro criado para visualizar metas e objetivos. Neste quadro, qualquer pessoa pode contribuir e ao final, o time terá uma visão geral do produto e quais são os objetivos de negócio que o envolvem em determinado período.
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Por que e quando usar?
Ajuda a mapear e estruturar a visão e pontos importantes da construção e do afunilamento do produto, bem como identificar objetivos a serem alcançados. Além disso, facilita a definição de prioridades, pois ajuda na organização das ideias e oferece o entendimento necessário para que os próximos passos sejam planejados.
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Como usar?
- Comece pela visão: reflita no propósito e nas mudanças positivas que o produto causa;
- Depois afunile o público-alvo: analise quais são seus possíveis clientes;
- Agora pense, qual a necessidade desse público? Pense nas necessidades do seu público-alvo, com foco em resolver seu problema;
- Sobre o produto: considere o porquê você vai investir tempo e dinheiro nele;
- Reflita sobre os objetivos de negócio: veja internamente quais são os benefícios e consequências de lançar este produto.

Lean inception
Por fim, um processo que pode ajudar na implementação das ferramentas mencionadas e de outras, que orientem você e seu time na construção da visão, contexto e restrição do produto, é o Lean Inception.
Um processo muito bem estruturado, que agrupa determinadas técnicas em um calendário baseado no objetivo a ser atingido, para ter um melhor entendimento sobre a visão do produto, contexto e etc
Por ser um “workshop” estruturado você consegue passar etapa por etapa, técnica por técnica com o time que ao final culminará na criação do MVP (produto mínimo viável) do produto, garantindo que todos saibam sobre ele e que estejam indo na mesma direção e prontos para a validação de hipóteses.
Reflexão final
Esse artigo, teve como proposta mostrar de maneira prática algumas ferramentas que podem facilitar a construção do seu produto, sem deixar de lado primeiro, conceitos fundamentais para a base de tal construção. Sendo assim, você pode escolher a ferramenta que for mais interessante para sua realidade, bem como, modular e aplicar mais de uma delas em um lean inception com seu time, por exemplo.
Gostou das sugestões de ferramentas? Ou tem alguma ideia de outas possibilidades? Entre em contato comigo pelo LinkedIn, e vamos conversar mais sobre a temática!
Referências
- Alura — Gestão de produtos digitais: Product discovery
- Artigo: The future backwards
- Artigo: Lean Inception: conheça a metodologia por trás de um mvp de sucesso
- Artigo: The product vision board