Reflexões sobre liderança em times de produto e design (parte 1)
Colocando pra fora algumas opiniões sobre liderança em design de produtos digitais, pela primeira vez em dez anos.

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Esses dias me dei conta que já faz 10 anos que eu lidero times de design de produto. E também me dei conta de que isso é tempo pra caramba.

Não estou considerando nesse tempo liderança via projetos. Estou considerando gestão/liderança real: recrutando pessoas, contratando, sendo responsável por seu desenvolvimento, vivendo o dia-a-dia e trabalhando/entregando junto.
E eu já errei bastante. Como normalmente acontece, eu caí de para-quedas na cadeira; não tinha nenhum preparo. Fui estudando ao longo do tempo, mas a vivência me ensinou pra caramba – muito mais do que os livros e cursos.
Se você me perguntar, hoje eu não faria esse movimento tão cedo. Esperaria um pouco, iria me expondo a situações de liderança antes de, de fato, ter responsabilidade absoluta sobre elas.
E isso é chave: pra mim liderança é sobre responsabilidade. Ao sermos considerados gestores ou líderes, a gente precisa entender que somos responsáveis inteiramente pelas pessoas que se espera que a gente lidere. A responsabilidade, no fim do dia, não é da empresa, é nossa (a não ser que a empresa seja sua, que aí é outra história).
E as consequências desse tipo de responsabilidade não se aprendem da noite pro dia. Não se aprendem num curso. Nem magicamente ao sentar numa cadeira de gestão.

Temos cada vez mais líderes de design surgindo e isso é incrível. Mas ao mesmo tempo isso é bem perigoso. Estamos confiando pessoas a pessoas que talvez não tenham o tempo de vôo necessário pra assumir essa responsa toda.
O que vejo por aí é um monte de gente boa, muito boa – eu tô falando sobre gente muito boa mesmo – tendo seu potencial limitado por lideres fracos, muito fracos. Líderes cheios de vieses cognitivos, que não sabem lidar com perfis diferentes (normalmente os que têm um potencial incrível), que não conseguem elevar a importância do design onde trabalham ou mesmo que não conseguem ajudar seus times a entregar (o item mais básico desses quatro). Liderança não deveria ser um jogo de números, em que sua relevância está ligada a quantas pessoas tem embaixo de você. Essa relevância deveria estar ligada ao impacto positivo que você causa, na empresa e na vida das pessoas que você lidera.
Esses líderes estão criando uma geração de profissionais altamente frustrados e confusos.
Se você está pensando em ser líder, comece a entender o impacto potencial que você tem em sua possível equipe, a cada ação ou comportamento. Antes de assumir a posição, assuma o papel – por mais que te ofereçam esse papel, você pode dizer não. E se você está em algum time, escolha bem o seu líder. E comece a entender que você tem, sim, escolha.