Teoria da usabilidade seletiva

Como nosso cérebro encontra elementos?

Mateus José Milczewski
UX Collective 🇧🇷

--

Imagem do jornalista William Bonner entrevistando a ex-presidente Dilma no cenário do Jornal Nacional.
Fonte

Recentemente assisti um vídeo sobre psicologia e atenção, que não saiu da minha cabeça e me trouxe esse insight que compartilho aqui com vocês.

O GIF abaixo exemplifica a ideia, observe com atenção o chocolate e tente acompanhá-lo enquanto acontece o embaralhamento:

Fonte

Se você acha que o chocolate ficou localizado no pote vermelho à esquerda, muito bem! Você acertou… Mas tem um porém.

Perceba como nosso foco é direcionado exclusivamente ao chocolate escondido debaixo de um dos potes cor de rosa, e enquanto o movimento de embaralhar é feito, outras duas coisas acontecem sem que você perceba:

  1. Um pato de borracha é colocado junto aos potes no meio da movimentação;
  2. E os potes de cor azul são substituídos por potes de cor verde.

Sinistro, né?

Por que isso é importante e o tem a ver com usabilidade?

É simples. Construímos modelos mentais por experiências adquiridas “no uso das coisas no dia a dia”, como diria Norman. Estes modelos passam a fazer parte de nosso repertório, tornando-se heurísticas em que nosso cérebro acessa ao executar tarefas, com o intuito de despender cada vez menos esforço e gasto de energia (sim, nosso cérebro é preguiçoso por natureza, mas isso também não pode ser desculpa para realizarmos um design ruim rs).

E é aí que entra a teoria da usabilidade seletiva, assim como naquele GIF do chocolate, o nosso foco será direcionado aos modelos mentais que construímos para encontrar elementos que possam representar os gatilhos de ações em tarefas realizadas em um produto, o que torna de suma importância que saibamos considerá-los para projetar produtos mais intuitivos aos nossos usuários.

Do contrário, as pessoas gastarão muita energia para descobrir como utilizar uma funcionalidade, gerando frustração, que comprometerá a adesão de novos usuários ou até mesmo, poderá acarretar abandono (conhecido também como churn) dos atuais usuários por conta de um redesign mal realizado em seu produto, por exemplo.

Por isso é importante que tomemos proveito de modelos mentais já convencionados na utilização de aplicativos globalmente conhecidos, além de obviamente (que precisa ser dito), o bom e velho teste de usabilidade.

Entretanto, existem casos em que essa dificuldade possa ser necessária na intenção de criar uma fricção em determinado ponto de tarefas críticas, onda haja necessidade de mais atenção para uma conclusão bem sucedida… Mas isto é assunto para outro artigo.

E então, o que você pensa a respeito dessa teoria? Compartilha sua visão comigo e vamos co-criar!

Espero que tenha gostado da leitura e até a próxima.

Referências

  • O design do dia a dia — Donald. A. Norman — Anfiteatro
  • Não me faça pensar — Steve Krug — Alta Books
  • Design Centrado no Usuário — Travis Lowdermilk — Novatec Editora
  • Link do vídeo no YouTube

--

--

Artigos breves e objetivos para incitar reflexões sobre design — atualmente Product Designer na TOTVS