UX Writing: o que é e por onde começar?

Algumas dicas para integrar essa disciplina ao processo de design

Mariane Lorente
UX Collective 🇧🇷

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Photo by Jason Leung on Unsplash

Faz uns anos que o termo UX Writing começou a aparecer na comunidade de design. A busca por redatores especializados na experiência do usuário tem aumentado a cada dia. E isso tem acontecido na mesma medida em que profissionais que estão assumindo essa função tentam entender exatamente o que precisa ser feito. Mas do que falamos quando falamos de UX Writing? E, bem importante, por onde começar?

Comecemos pelo microtexto (ou microcopy, em inglês), que é todo texto de uma interface digital. E, pensando no mantra "mobile first", naturalmente, são textos escritos em espaços bem limitados, que precisam transmitir uma mensagem clara e objetiva para motivar, conduzir, dar feedback e engajar o usuário. Tudo isso sem perder a personalidade jamais — afinal, nem só da camada funcional é feito um produto digital.

Já UX Writing é tudo aquilo que é escrito para garantir a melhor experiência para o usuário de um produto digital. Ou seja: pode transcender os pequenos nacos de texto escritos numa interface. Assim, também são da responsabilidade de uma UX Writer a redação, a revisão e a validação do conteúdo de emails, notificações, artigos de uma área de ajuda e outros tantos canais de comunicação com o usuário.

Muito além da escrita

À primeira lida, a função de UX Writer pode parecer reduzida apenas à tarefa de escrever e revisar. Mas a realidade é que o dia-a-dia nessa posição exige uma parceria estratégica consistente com os profissionais de UX, UI, Engenharia, Produto, e outros stakeholders de um squad, ou seja, um time multidisciplinar agrupado por produto.

Cabe à UX Writer estar atenta e participativa nas reuniões de discovery, nos canais de discussão e em outros fóruns relevantes para poder recomendar a estratégia de conteúdo para um projeto. E também, claro, fazer sua própria lição de casa para conhecer cada vez melhor o usuário, entender os objetivos do negócio e saber como organizar, priorizar e validar uma matriz de importância do ponto de vista de conteúdo junto ao squad.

Antes de tudo isso, ou para que tudo isso aconteça da melhor forma possível, é recomendável que a UX Writer faça duas coisas: um guia de escrita e um fluxo de UX Writing.

Guia de escrita

Padrão ​na escrita gera consistência na comunicação e, consequentemente, no relacionamento com os públicos. É por isso que um guia de escrita é uma das primeiras entregas de UX Writing.

Pelo menos dois cenários podem ser considerados antes de o guia começar a ser feito. Uma possibilidade é a UX Writer ter sido contratada em um momento bem inicial do produto (ou da startup) em que ainda não exista nada escrito. Outra possibilidade é a pessoa assumir a função quando o produto já existe há algum tempo, mas sem documentação alguma do conteúdo. Nos dois casos, o objetivo será ter uma documento que sirva de referência para tudo o que for escrito a partir de então, assegurando uma percepção única da marca e seus produtos.

Muito se fala sobre guia de tom e voz, mas, além disso, é bem importante ter no documento um bloco de conteúdo que ensine a quem escreve para o produto quem é, como pensa, como se comporta e como fala a marca. Isso inclui conceitos e padrões de redação, normas de estilo, boas práticas para uma comunicação assertiva com os diferentes públicos e tipos de conteúdo. Também é fundamental incluir um bloco de conteúdo que ensine como escrever microtexto, com detalhes sobre diferentes componentes da interface, como botões, mensagens de erro, empty states etc.

UX Writing Workflow

Primeiro, uma coisa precisa ficar bem clara: a UX Writer não tem de, necessariamente, escrever tudo do zero. Mas deve, no fim do dia, editar, revisar e validar o que designers, engenheiros e gerentes de produto escrevem com base no guia de escrita. Ou seja: não existe “lorem ipsum” em nenhuma etapa do processo de design.

Designers, engenheiros e gerentes de produto podem e, em alguns casos, devem procurar a UX Writer para conversar sobre um projeto, tela ou solução antes de começar a projetar ou programar. Uma reunião de alinhamento serve para que a UX Writer ganhe contexto, entenda as necessidades, identifique oportunidades e, por fim, faça a recomendação do design da informação, por exemplo, determinando a hierarquia das informações e algumas palavras-chave que devem ser usadas.

Isso, certamente, vai evitar grandes surpresas e muitas mudanças na hora de aprovar o texto. Os ganhos em UX são enormes quando o time trabalha de forma colaborativa desde cedo.

Também é recomendável organizar as solicitações em alguma ferramenta, como o Jira, por exemplo. Eventualmente, em caráter emergencial, o Slack ou o email podem ser usados para um pedido ou outro. Mas é preciso lembrar: UX Writer não é “pasteleira”. Agradecemos a preferência.

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