UX Collective 🇧🇷

Curadoria de artigos de UX, Visual e Product Design.

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PANORAMAUX — PARTE 5

O mercado de UX em um ano pandêmico: Salários

Carolina Leslie
UX Collective 🇧🇷
6 min readApr 30, 2021

Índice

  1. Pandemia e o trabalho
  2. Perfil do profissional de UX
  3. Empresas e cargos
  4. Atividades e ferramentas
  5. Salários
  6. Pesquisa em design — parceria com o Movimento UX

Parte 5: Salários

A pandemia teve um efeito devastador para muitos setores da economia. Quem trabalha em UX, ou com tecnologia de forma ampla, viu um efeito contrário no mercado de trabalho: pleno emprego e aumentos salariais.

Perguntamos aos participantes seus salários no momento da pesquisa e um ano antes:

  • A maioria relatou um aumento de renda em 2020.
  • Apenas 5% tiveram uma queda de salário no mesmo período (sem contar o efeito da inflação no período).
76% dos participantes tiveram um aumento de salário no período

A mediana salarial (ou seja, o salário que divide as respostas em dois grupos — metade ganha mais, metade ganha menos) aumentou de R$ 5.700 para R$ 7.000.

Para comparar as distribuições de salários escolhi uma combinação de formatos visuais.

A curva mostra em quais faixas de salário encontramos mais respondentes. Abaixo da curva, cada linha vertical representa uma resposta. O valor em destaque é a mediana, isto é, o valor que divide o conjunto de dados ao meio e os blocos em cinza mostram as faixas onde se encontram quartis — de 25% a 50% das respostas na cor mais clara e de 50% a 75% em um tom mais escuro.

O número de respostas em uma determinada categoria é mostrado como n. Nos gráficos de salários este total é menor que o número de participantes da pesquisa, pois nem todos informaram seus salários.

Mesmo levando em conta a inflação de 4,84% no período, a mediana em 2019 ficaria em R$ 5.975.

Olhando os números, uma pergunta é inevitável:

Quais fatores impactam o salário de quem trabalha na área?

Existe algum tipo de viés na distribuição de ganhos?

Investigamos algumas hipóteses.

Forma de contratação

O mercado é bastante formalizado; 80% dos respondes trabalham com carteira assinada no regime CLT, enquanto 13% emitem nota como pessoa jurídica.

A mediana dos salários PJ é um pouco maior que a CLT, porém não o suficiente para compensar a perda financeira de direitos gerada por esta opção.

Estado

Onde você mora é outro fator que revela grandes disparidades salariais. São Paulo, Distrito Federal e Rio de Janeiro têm as medianas salariais mais elevadas. Fica a curiosidade se este tipo de disparidade irá se manter com a nova organização de trabalho que nos permite realizar nossas funções remotamente.

Função

A função pode ter um grande impacto nos salários. O título estrategista de UX, com atribuições mais generalistas é o mais valorizado, já UI design, com um escopo de atuação mais delimitado e tático, tem salários menores.

Raça

Quando olhamos a quebra de salários por raça podemos observar um viés de preconceito atuando de dois modos distintos:

  • Asiáticos têm uma mediana salarial R$ 800 maior que o geral
  • Enquanto negros ganham R$ 1.000 a menos na média.

Além disso, como já citado em texto anterior, a proporção de negros e pardos entre os UXers é bem inferior à média nacional.

Gênero

Na quebra por gêneros, uma surpresa negativa.

R$ 1.800 é a diferença entre medianas salariais de homens e mulheres — o dobro da diferença encontrada na edição anterior do Panorama UX.

Para tentar entender o porquê desse comportamento, fui investigar as diferenças salariais entre gêneros por nível na carreira.

Por esse ângulo, a distância existe, mas é menos relevante.

Entre 1-3 e 4-5 anos de experiência, as medianas são praticamente iguais.

Após 6 anos de experiência, a distância entre ganhos começa a crescer.

A mudança da proporção entre homens e mulheres em relação ao tempo de experiência se destaca. E aí está uma possível explicação para o aumento na diferença salarial:

Elas são maioria no início da carreira, enquanto há mais homens com mais tempo de experiência.

Em números, 60% dos homens recebem mais que a mediana, enquanto apenas 43% das mulheres ganham mais que essa marca.

Em outro ângulo, comparamos os salários de homens e mulheres por nível na carreira:

Mulheres são maioria nos níveis iniciais da carreira, com um bom equilíbrio entre salários —com o ganho feminino ligeiramente maior. Com o crescimento na carreira, mais homens passam a ocupar cargos de liderança e a diferença entre ganhos aumenta.

E aí fica uma pergunta que a pesquisa, sozinha, não consegue responder.

Por que há menos mulheres com mais tempo de experiência na área?

Mudança de interesse pelo tema ou falta de oportunidade de crescimento? 👀

Você tem mais alguma pergunta sobre os resultados da pesquisa? Gostaria de analisar os dados por outro ângulo? Deixe suas dúvidas nos comentários — quem sabe elas não viram um post extra?

Atualização: a Beatriz Lonskis perguntou sobre os salários de PCDs. Nesse caso o problema maior parece ser o acesso ao mercado de trabalho. Uma vez lá, a mediana salarial desse público é até maior que o geral da pesquisa:

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Veja também a gravação da live sobre os resultados junto com a Observe.

O Panorama UX é uma realização de Carolina Leslie, com apoio de Izabela de Fátima do Movimento UX e de Ana Coli na edição e revisão.

Agradecimento ao apoio no site e material visual para Rodrigo Dovighi, Victor Carvalho, Lauro Sollero. Ilustrações baseadas no material de Ijeamaka Anyene.

Muito obrigada a todos os que participaram respondendo e ajudando na divulgação da pesquisa. E um agradecimento especial às marcas que usaram suas redes para aumentar o alcance do PanoramaUX:

The Bridge, Movimento UX, Observe e Mergo.

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Responses (7)

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Trabalho incrível! Parabéns pela execução, isso dá muito mais visibilidade à nossa área e empodera lideranças a entenderem melhores políticas de remuneração, diversidade, etc.

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Excelentes dados! Só senti falta dos dados sobre profissionais PCDs. Temos essas informações?

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O que explica o ganho menor entre os negros e o ganho maior entre os asiáticos? Tempo de carreira, discriminação negativa/positiva, acesso/falta de oportunidades? outra explicação?

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